O "grande desafio" do astronauta Scott Kelly, o americano que passou mais tempo no espaço, será "voltar à gravidade" depois de ter estado quase um ano na Estação Espacial Internacional (ISS).
"Voltar para a gravidade é mais difícil do que sair dela", disse Kelly na sua primeira aparição na imprensa, na Agência Espacial Johnson Space Center (NASA), em Houston (EUA), depois de voltar, na quarta-feira, de 340 dias no espaço exterior.
O nascer do sol visto do espaço
A expedição teve como objetivo estudar os efeitos produzidos no corpo humano pela permanência (de grande duração) no espaço, para perceber as hipóteses de viajar até Marte, no futuro.
"Há quem se sinta muito mal no espaço, eu simplesmente não sou desses. Mas, tenho dores musculares, dores nas articulações e na coluna vertebral", disse o astronauta, acrescentando que cresceu cinco centímetros pela falta de gravidade, mas que já recuperou a sua altura original.
"Estou surpreendido com o quão difícil está a ser, eu sabia que seria algo diferente (das viagens espaciais de curta duração), mas superou qualquer previsão... passados três meses, só pensava -- já aqui estou há muito tempo e ainda faltam nove meses, o que me deu, muitas vezes, a volta à cabeça", revelou Kelly.
Não obstante, sentiu-se fascinado com a ISS -- uma plataforma maior do que um campo de futebol (109 metros de comprimento por 88 metros de largura) e que pesa mais de 420 toneladas, que é alimentada por energia solar, tem água potável e na qual até se pode ver notícias na televisão.
"Se há 30 anos se dissesse a alguém que haveria uma estação assim, construída no espaço e que se manteria viável pelo menos por 15 anos, chamar-nos-iam loucos. Agora é 'viável' chegar a Marte. Mas, se demorarmos mais de seis meses a chegar lá, a tripulação estará exposta a grandes radiações, é preciso tentar fazê-lo mais rápido. Gostaria muito de fazer parte dessa missão e, quem sabe, se daqui a 20 anos não se vendem já bilhetes para o espaço", concluiu Kelly.