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A moça mostrava a coxa
Cantinho Satkeys
cereal killa
:
e boas ferias
18 de Agosto de 2025, 13:04
FELISCUNHA
:
pessoal
18 de Agosto de 2025, 11:31
joca34
:
bom dia alguem tem es cd Portugal emigrante 2025
17 de Agosto de 2025, 05:46
j.s.
:
bom fim de semana
16 de Agosto de 2025, 20:47
j.s.
:
a todos
16 de Agosto de 2025, 20:47
Itelvo
:
Bom dia pessoal
15 de Agosto de 2025, 14:02
FELISCUNHA
:
e bom feriado
15 de Agosto de 2025, 11:11
JPratas
:
A Todos
15 de Agosto de 2025, 04:06
FELISCUNHA
:
j.s. pela informação
13 de Agosto de 2025, 10:20
FELISCUNHA
:
pessoal
13 de Agosto de 2025, 10:19
j.s.
:
12 de Agosto de 2025, 17:37
j.s.
:
Relembramos que por mudança de servidor, que vai ter lugar entre as 20h00 do dia 13/0/2025 e as 10h00 do dia 14/08/2025, podemos neste periodo estar em off line
12 de Agosto de 2025, 17:36
j.s.
:
a todos
12 de Agosto de 2025, 17:33
FELISCUNHA
:
e bom fim de semana
09 de Agosto de 2025, 11:19
JPratas
:
Pessoal
08 de Agosto de 2025, 03:48
FELISCUNHA
:
pessoal
07 de Agosto de 2025, 08:43
j.s.
:
a todos
06 de Agosto de 2025, 16:51
FELISCUNHA
:
pessoal
04 de Agosto de 2025, 11:48
ricardo 2087
:
Toy
02 de Agosto de 2025, 22:21
FELISCUNHA
:
e bom fim de semana
02 de Agosto de 2025, 18:16
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Tópico: A moça mostrava a coxa (Lida 1887 vezes)
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
casconha
Visitante
A moça mostrava a coxa
«
em:
30 de Setembro de 2013, 14:27 »
A moça mostrava a coxa,
a moça mostrava a nádega,
só não mostrava aquilo
– concha, berilo, esmeralda –
que se entreabre, quatrifólio,
e encerrra o gozo mais lauto,
aquela zona hiperbórea,
misto de mel e de asfalto,
porta hermética nos gonzos
de zonzos sentidos presos,
ara sem sangue de ofícios,
a moça não me mostrava.
E torturando-me, e virgem
no desvairado recato
que sucedia de chofre
á visão dos seios claros,
qua pulcra rosa preta
como que se enovelava,
crespa, intata, inacessível,
abre-que-fecha-que-foge,
e a fêmea, rindo, negava
o que eu tanto lhe pedia,
o que devia ser dado
e mais que dado, comido.
Ai, que a moça me matava
tornando-me assim a vida
esperança consumida
no que, sombrio, faiscava.
Roçava-lhe a perna. Os dedos
descobriam-lhe segredos
lentos, curvos, animais,
porém o maximo arcano,
o todo esquivo, noturno,
a tríplice chave de urna,
essa a louca sonegava,
não me daria nem nada.
Antes nunca me acenasse.
Viver não tinha propósito,
andar perdera o sentido,
o tempo não desatava
nem vinha a morte render-me
ao luzir da estrela-d'alva,
que nessa hora já primeira,
violento, subia o enjoo
de fera presa no Zôo.
Como lhe sabia a pele,
em seu côncavo e convexo,
em seu poro, em seu dourado
pêlo de ventre! mas sexo
era segredo de Estado.
Como a carne lhe sabia
a campo frio, orvalhado,
onde uma cobra desperta
vai traçando seu desenho
num frêmito, lado a lado!
Mas que perfume teria
a gruta invisa? que visgo,
que estreitura, que doçume,
que linha prístina, pura,
me chamava, me fugia?
Tudo a bela me ofertava,
e que eu beijasse ou mordesse,
fizesse sangue: fazia.
Mas seu púbis recusava.
Na noite acesa, no dia,
sua coxa se cerrava.
Na praia, na ventania,
quando mais eu insistia,
sua coxa se apertava.
Na mais erma hospedaria
fechada por dentro a aldrava,
sua coxa se selava,
se encerrava, se salvava,
e quem disse que eu podia
fazer dela minha escrava?
De tanto esperar, porfia
sem vislumbre de vitória,
já seu corpo se delia,
já se empana sua glória,
já sou diverso daquele
que por dentro se rasgava,
e não sei agora ao certo
se minha sede mais brava
era nela que pousava.
Outras fontes, outras fomes,
outros flancos: vasto mundo,
e o esquecimento no fundo.
Talvez que a moça hoje em dia...
Talvez. O certo é que nunca.
E se tanto se furtara
com tais fugas e arabescos
e tão surda teimosia,
por que hoje se abriria?
Por que viria ofertar-me
quando a noite já vai fria,
sua nívea rosa preta
nunca por mim visitada,
inacessível naveta?
Ou nem teria naveta...
Carlos Drummond de Andrade
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