O Sindicato de Todos os Professores identificou cerca de dez casos em que notas do segundo período foram usadas na pauta final, anunciando que vai avançar com processo contra a tutela e diretores de escolas, face a "avaliação fraudulenta".
O Sindicato de Todos os Professores (STOP) vai acionar um processo conjunto contra o Ministério da Educação e alguns diretores de escolas "que, claramente, revelaram um total desrespeito pelo direito à greve, pelo direito às férias e agora um total desrespeito por uma avaliação séria e não fraudulenta dos alunos deste país", disse hoje o dirigente do sindicato, André Pestana, que falava aos jornalistas em Coimbra.
O sindicato já identificou cerca de dez casos em que notas do segundo período foram usadas na pauta de avaliação final dos alunos, afirmou André Pestana, referindo que as situações identificadas se reportam a escolas da grande Lisboa e da Beira Interior.
No entanto, o dirigente tem a expectativa de que haja mais casos, apelando a que os professores denunciem essas situações, apesar de um "clima de intimidação" nas escolas, com os docentes com "medo de represálias".
A agência Lusa consultou uma ata de um conselho de turma para atribuição das notas disponibilizada pelo STOP, onde se pode ler que o conselho dispõe apenas das avaliações do segundo período em duas disciplinas.
"Temos situações em que são os diretores das escolas a fazer e noutros casos houve também uma coação fortíssima e intimidação fortíssima das direções escolares a diretores de turma que, muitas vezes, deixaram na ata que não concordam com a situação", para além de casos em que as pautas são lançadas "sem estarem assinadas pelo diretor de turma e secretário", referiu o dirigente do STOP.
Para André Pestana, "isto é o vale tudo".
Face a uma situação que diz que é "uma avaliação fraudulenta", o dirigente do STOP defende também que "os pais devem impugnar e reclamar porque os seus educandos estão a ser prejudicados com esta tutela".
O STOP está já a organizar um "grande encontro nacional de professores" para 8 de setembro, por forma a decidir-se "o que fazer na abertura do ano letivo", referiu ainda André Pestana.
Desde o início de junho que os docentes estão em greve depois das negociações falhadas com o Governo a quem exigem a contagem dos nove anos, quatro meses e dois dias de trabalho realizado.
Esta semana, o Ministério da Educação enviou orientações às escolas para que concluíssem as avaliações até quinta-feira, indicando que os diretores só poderiam autorizar as férias aos professores que entregassem todas as notas dos alunos.