Posição oficial da coligação que apoia André Ventura é de prudência, mas figuras dos partidos condenaram palavras do advogado. Ministério Público pode iniciar investigação
O PSD em silêncio, o CDS a aguardar esclarecimentos. É esta a postura oficial da coligação que apoia a candidatura à Câmara de Loures de André Ventura, que em entrevista ao jornal i retratou os ciganos como vivendo "acima da lei" e "quase exclusivamente dos subsídios do Estado". Mas outras figuras destacadas dos dois partidos não tardaram a condenar as declarações do advogado.
Teresa Leal Coelho, vice-presidente social-democrata, condenou as "afirmações que generalizam comportamentos e só perpetuam os preconceitos e estigmatizam comunidades". "Defendemos uma sociedade inclusiva, solidária e justa no âmbito da qual a diversidade e a multiculturalidade devem ser plenamente respeitadas e celebradas", concluiu a também candidata autárquica, no caso em Lisboa. Já Francisco Mendes da Silva, membro da comissão política nacional do CDS, escreveu que "não há praticamente nada" que o candidato diga que ele "não considere profundamente errado, ligeiro, fruto da ignorância e de um populismo que tanto pode ser gratuito, telegénico ou eleitoralista".
Mais prudente foi o líder da Distrital de Lisboa centrista, que prefere aguardar que "possam ser cabalmente esclarecidas" as declarações sobre a comunidade cigana do candidato à Câmara de Loures. "O CDS é leal às coligações em que está envolvido e, nesta fase, será no interior da coligação que o CDS vai pronunciar-se sobre este assunto. Aguardamos ainda que estas declarações possam ser cabalmente esclarecidas pelo candidato André Ventura", referiu, ontem em comunicado, o líder da Distrital de Lisboa do CDS-PP, João Gonçalves Pereira.