Irrepreensível. O concerto de Scorpions foi, até ao momento, o melhor da 15ª edição do Meo Marés Vivas. O conjunto entra no "Hall of Fame". Outra vez.
Em 2009 deixaram o Douro com um concerto que parecia irrepetível. Já na altura garantiram lugar entre os melhores de sempre das 15 edições - junto a Elton John e The Prodigy, talvez com Ben Harper, Fraz Ferdinand e Peter Murphy à porta de entrada.
Agora, Scorpions repetem o registo. Terão o nome lá escrito duas vezes. A potência do quinteto liderado pelo quase septuagenário Klaus Meine está como o vinho do Porto. E o público rendeu-se à enorme produção que os alemães trouxeram a Vila Nova de Gaia. Ao nível do som, com uma nitidez até agora nunca vista. Depois nas luzes, motivadoras de estados pré-transe para quem atenta nelas durante mais de dez segundos. E na capacidade que têm de se regenerarem ao longo do espetáculo, com constantes mudanças da estrutura.
A coisa fez-se à boa maneira antiga: guitarradas na frente, distorção aos molhos, riffs frenéticos e muita cabeça a abanar até ao fim das canções a dois tempos. Isto quando não se viam milhares de luzes de telemóveis a registar um dos últimos momentos lendários dos concertos no Cabedelo.
Ali há medleys românticos, "Always Somewhere" e "Send Me na Angel" no mesmo, há cenários de estrelas e palcos pintados de todas as cores. Fora do recinto, curiosos dançam a música do conjunto que não conseguem ver. O salão de festas está cheio, não cabe mais uma pessoa. Êxitos sucedem-se, há um tributo a Motorhead com quem já partilharam o palco, repescam temas que não têm constado dos alinhamentos e "Winds of Change", primeiro grande momento.
Antes do Encore, viaja-se até 1984 com "Big City Nights". Os cinco autografam uma bandeira de Portugal, devolvem-na ao público, arremessam baquetas e saem.
O sprint final, depois do Encore, manteve a Praia do Cabedelo na viagem até 1984, com "Coming Home Again". Nove anos depois, ou na música seguinte, "Under the Same Sun". Era um dos momentos mais esperados do festival. "Vai começar o slow", comentam, aos primeiros acordes do enormíssimo tema. Atrás do conjunto projeta-se água vermelha, depois fogo. O primeiro refrão é entregue ao público que canta sem hesitar. Klaus invade o canto coletivo com uma voz magistral e, daí até ao fim, só se desejou que aquele momento não acabasse.
Para terminar o concerto, "Rock You Like a Hurricane". De regresso a 1984, como se vê, um dos anos de ouro do conjunto. Vivem-no como se fosse hoje, gritam "Here I Am" com a força da juventude que lhes corre nas veias 52 anos depois de a banda ser fundada. Saem debaixo de aplausos mas ficam para sempre na história do Meo Marés Vivas.