Operação Social Number. Funcionários da Segurança Social são suspeitos de vender números de identificação a quase mil imigrantes. PJ preocupada com "legalização" de paquistaneses
Quem são as quase mil pessoas que, com um número de identificação da Segurança Social, entraram em Portugal e, provavelmente, no espaço europeu? Esta é uma das tarefas que nos próximos meses será executada pelos investigadores da Unidade Nacional contra a Corrupção da Polícia Judiciária, que ontem detiveram 12 pessoas por suspeitas de corrupção num esquema de legalização de imigrantes na Segurança Social de Lisboa. Segundo informações recolhidas pelo DN, os investigadores vão cruzar os nomes dos "legalizados" com informações policiais, procurando eventuais ligações a atividades terroristas.
Ontem, em comunicado, a Polícia Judiciária adiantou que entre os 12 detidos (seis funcionários da Segurança Social) estão também seis cidadãos estrangeiros, estando em causa, neste processo, crimes de corrupção passiva e ativa para ato ilícito, abuso de poder, falsidade informática e falsificação de documentos. O esquema em causa, apurou o DN, passava pela emissão de números de identificação da Segurança Social (NISS), permitindo assim que os imigrantes pudessem beneficiar de um visto de trabalho em território nacional. Nesta situação, encontram-se cidadãos do Bangladesh, Índia e Paquistão. Estes últimos merecem uma maior atenção das autoridades, segundo fonte policial. "No atual contexto europeu, esta é uma situação muito grave, porque não sabemos que tipo de pessoas é que entraram, se foram simples cidadãos à procura de uma vida melhor ou outros mais complicados", disse ao DN fonte judicial.
"Há um histórico de células paquistanesas, por exemplo, na Catalunha. A polícia espanhola já desmantelou algumas e já evitou ataques, por isso é importante que a Polícia Judiciária em articulação com os serviços de informações faça essa investigação às pessoas que foram legalizadas", disse ao DN José Manuel Anes, professor universitário e especialista em terrorismo.