Milhares de venezuelanos concentraram-se em Caracas para rezar pela paz e pela liberdade e para homenagear as 74 pessoas que, desde abril, morreram em manifestações da oposição na Venezuela.
"Há muita gente, com [imagens de] santos nas mãos(...). Eu trouxe uma imagem da Virgem de Fátima porque ela também tem de ouvir os nossos pedidos e ajudar a Venezuela a encontrar a paz", disse uma lusodescendente à Agência Lusa.
Ainda vamos acabar a lutar uns contra os outros, num país que foi exemplo de democracia para a América Latina
Formada em arquitetura, com 28 anos de idade, Maria de Freitas, frisou ainda que na Venezuela "há uma luta entre o bem e o mal, que só terminará com muita fé e oração".
"A política está a acabar com as nossas virtudes, (...) ainda vamos acabar a lutar uns contra os outros, num país que foi exemplo de democracia para a América Latina. Eu não quero isso para os meus filhos. Eu quero uma Venezuela onde haja liberdade e onde não te matem por um par de sapatos, por um telemóvel ou até mesmo porque não tinhas nada de valor para o assaltante", frisou.
A mobilização foi convocada pela Mesa de Unidade Democrática (MUD), a aliança que junta a oposição ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e partiu de seis pontos distintos da cidade de Caracas, até ao Parque Cristal, no leste da cidade, onde foi rezado o terço e se ouviram orações e cânticos pela paz.
Além da paz, os manifestantes, alguns deles jovens com o rosto coberto, pediram o fim da repressão e liberdade para os presos políticos.
Há também registo de mobilizações em várias outras cidades cidades do país, como Maracaibo, Barquisimeto, Valência ou Maturín, e na ilha venezuelana de Margarita.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra Nicolás Maduro intensificaram-se desde 01 de abril, depois de o Supremo Tribunal de Justiça divulgar duas decisões que limitavam a imunidade parlamentar dos deputados e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento. A oposição tem atualmente maioria na assembleia nacional da Venezuela.
Entre queixas sobre o aumento da repressão, os opositores manifestam-se ainda contra a convocatória de uma Assembleia Constituinte, a 01 de maio, pelo Presidente Nicolás Maduro.