Os tios-avós de Grégory Villemin foram acusado de rapto seguido de morte do pequeno de quatro anos. Foi repescado de um rio em outubro de 1984. O caso, com 32 anos, apaixona a França.
Um filme, 15 livros, 50 teses universitárias e quase 33 anos depois, a última página do dossiê de um dos maiores enigmas da história francesa recente poderá fechar-se sobre o sorriso do "Pequeno Grégory". Toda a França o conhece, porque toda a França viveu pendurada nele e na falta de explicação para um cadáver de quatro anos encontrado no dia 16 de outubro de 1984. A justiça francesa prendeu esta semana os tios-avós da criança, sob acusação de rapto e sequestro seguido de homicídio. Inveja e vingança serão os motivos do crime. Marcel e Jacqueline Jacob, ambos com 72 anos, negam.
O corpo de Grégory Villemin foi descoberto afogado, de pés e mãos atados, num rio das Vosges (este). Um ano antes, o pai, Jean-Marie Villemin, recebera uma carta anónima que lhe criticava a ascensão social e profissional. Uma hora depois de a criança desaparecer, uma chamada avisava um tio que o filho do "chefe" fora atirado ao rio. Outra carta anónima, recebida no dia seguinte, anunciava a morte de Grégory. "Espero que morras de desgosto, chefe. Não é o teu dinheiro que te vai devolver o filho. Eis a minha vingança, pobre idiota". Era assinada "o corvo", como outras.
A análise das missivas de 1984 chegara a levar os investigadores a casa de Jacqueline, sem conclusões. Mas só a recente peritagem da de 1983 permitiu voltar à pista dos tios-avós. Não tanto pela grafia, mas pela coincidência do vocabulário: repete-se a palavra "chefe", que era a forma como Marcel classificava o sobrinho Jean-Marie. A investigação inicial reconstituíra uma altercação entre ambos em que o mais velho gritara ao mais novo: "Não aperto a mão a um chefe". O facto de Marcel esconder as más relações com o casal Villemin foi outro pormenor que intrigou os investigadores.