Danos e irregularidades em Tomar e futuro do Côa foram alguns dos temas abordados pelo ministro da Cultura na audição parlamentar
O Ministério Público confirmou ao DN que está a investigar eventuais irregularidades, envolvendo funcionários do Convento de Cristo, em Tomar, e estragos alegadamente provocados no monumento durante filmagens. Ao mesmo tempo está em curso uma auditoria da Direção-Geral do Património Cultural, revelou o ministro da Cultura, ontem, durante uma audição no parlamento. Ocasião que aproveitou para anunciar que a partir de julho as entradas nos museus, aos domingos, passam a ser gratuitas, medida inscrita no Orçamento de Estado deste ano e que implica uma perda de receitas anual estimada em 415 mil euros.
Presente na Assembleia da República no âmbito de uma audição sobre políticas de cultura e sobre o ato de vandalismo ocorrido no parque arqueológico de Foz Côa, Luís Filipe Castro Mendes recusou fazer "imputações ou juízos de valor sem os resultados do inquérito" - aberto com caráter de urgência - sobre os danos provocados no Convento de Cristo, em Tomar, decorrentes das filmagens de O homem que matou Dom Quixote, de Terry Gilliam, em abril. O ministro da Cultura desdramatizou a questão, trazida à tona por uma reportagem da RTP, na sexta-feira: segundo dados preliminares ao inquérito que estará pronto em 20 dias, "não houve pedras destruídas, houve pedras degradadas" e não no claustro onde decorreu o que apelidou de "efeito cénico" (a fogueira que tem dado que falar, e na qual teriam sido usadas 40 botijas de gás, "com controlo de bombeiros e funcionários"). "A erosão das pedras já ocorre há muitos anos", notou.
De resto, confirmou que algumas telhas foram partidas, mas negou o abate de árvores. A substituição das árvores por ervas de cheiro em vasos foi uma decisão apoiada por um parecer de um arquiteto paisagista e sem relação com as filmagens, garantiu o ministro. Contas feitas pela seguradora, o Estado será ressarcido em 2900 euros pela produtora Ukbar. Instado pelos deputados a revelar pormenores sobre o contrato com a produtora, se as regras de segurança foram esquecidas ou que consequências poderá haver para os responsáveis, Castro Mendes repetiu esperar pelo resultado do inquérito.