Francisco recordou, na saudação das bênção das velas, que Deus e Maria não são castigadores, mas sim misericordiosos e exortou os fiéis a saberem perdoar e a serem humildes
O Papa Francisco avisou esta noite, durante a saudação da bênção das velas na Capelinha das Aparições, que Nossa Senhora de Fátima não é "uma santinha a quem se recorre para obter favores a baixo preço" nem uma "Senhora inatingível" ou "inimitável".
Antes da recitação do Rosário e de se recolher à Casa das Dores - onde ficará a dormir -, Francisco começou por dizer aos portugueses que abraça e confia "a Jesus" todos os que estão presentes no Santuário, "principalmente os que mais precisarem".
De seguida, o Santo Padre dirigiu-se àqueles a quem tem dado maior atenção nos quatro anos e dois meses do seu Pontificado. "Sobre cada um dos deserdados e infelizes a quem roubaram o presente, dos excluídos e abandonados a quem negam o futuro, dos órfãos e injustiçados a quem não se permite ter um passado desça a bênção de Deus encarnado em Jesus Cristo", pediu.
Francisco recordou, por outro lado, que não há Igreja sem Maria. "Se queremos ser Cristãos, devemos ser marianos", disse, citando o Papa Paulo VI. E continuou: "Sempre que rezamos o terço neste lugar bendito, como em qualquer outro lugar, o Evangelho retoma o seu caminho na vida de cada um, das famílias, dos povos e do mundo".
A saudação do Papa tornou-se, depois, mais dura. Afirmou que Maria é uma "mestra da vida espiritual" e um "exemplo" para todos, recordando no entanto que Nossa Senhora não é "uma Senhora inatingível e, consequentemente, inimitável". Nem tão pouco uma "santinha a quem se recorre para obter favores a baixo preço".
Maria também não é, segundo o Papa Francisco, uma figura castigadora, mas sim misericordiosa. "Grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça quando se afirma em primeiro lugar que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor - como mostra o Evangelho - que são perdoados pela sua Misericórdia. Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia", recordou.
"Ponhamos de lado qualquer forma de medo e de temor, porque não se coaduna em que é amado", continuou a saudação de Francisco. Depois, o Papa citou a exortação apostólica Evangelium Gaudium: "Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes".
Quase a terminar, Francisco pediu aos fiéis que não esqueçam a capacidade de serem misericordiosos e de perdoar: "Possamos, com Maria, ser sinal e sacramento de misericórdia de deus, que perdoa sempre, perdoa tudo".
Mesmo no fim, o Papa pediu humildade a todos: "Pelo orgulho do meu coração, vivi distraído atrás das minhas ambições e interesses, mas não ocupei nenhum trono, Senhor! A única possibilidade de exaltação que tenho é que a Vossa Mãe me pegue ao colo, me cubra com o seu manto e me ponha junto do Vosso coração. Assim seja".