O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, afirmou, esta quarta-feira, que muitos médicos reagendaram consultas e cirurgias para minimizar o impacto da greve.
Alexandre Lourenço falava à agência Lusa a propósito da greve de dois dias dos médicos, que começou esta quarta-feira, sobre a qual ainda não tem conhecimento dos níveis de adesão, embora saiba que são as cirurgias programadas e as consultas externas as mais afetadas.
Os hospitais, disse Alexandre Lourenço, tentaram minimizar o impacto da greve nos utentes, uma vez que, principalmente em relação às cirurgias, estes são "momentos importantes da vida das pessoas".
"É importante dar um sinal de normalidade aos utentes, garantindo que estes têm os serviços que precisam", adiantou.
Segundo Alexandre Lourenço, nos últimos dias, os médicos, nomeadamente aqueles que sabiam que iriam aderir ao protesto, promoveram o reagendamento das cirurgias e consultas e chegaram mesmo a antecipar alguns cuidados.
"Tanto a antecipação das cirurgias e consultas como o seu reagendamento é feito à custa de uma sobrecarga do trabalho dos clínicos, o qual não deve deixar de ser enaltecido", disse Alexandre Lourenço.
A greve desta quarta e quinta-feira é um protesto pela ausência de medidas concretas do Governo num conjunto de reivindicações sindicais que têm tentado estar a ser negociadas ao longo do último ano.
Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.
Os promotores da greve - Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e Federação Nacional dos Médicos (FNAM) - também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano
De acordo com o SIM, a adesão a esta greve relativa ao turno das 00:00 às 08:00 de hoje terá sido de 100%.
O presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha, disse estimar que, entre as 00:00 e as 08:00, a adesão à greve tenha sido de 100%. "Só estiveram a ser cumpridos os serviços mínimos", adiantou.
Apesar de ainda não ter dados mais concretos, Jorge Roque da Cunha disse que, por exemplo, no Hospital de Braga só funcionaram dois blocos operatórios e em Matosinhos, no distrito do Porto, nenhum dos blocos funcionou.
"No entanto, quero voltar a sublinhar que nenhum doente fica sem o seu tratamento de quimioterapia, radioterapia, hemodiálise. Estes serviços estão assegurados, bem como o serviço de urgência", disse.
Contactado pela agência Lusa, fonte do gabinete do ministro da Saúde disse que, para já, não serão avançados dados oficiais sobre a adesão do protesto.