Uma das 200 adolescentes nigerianas de Chibok, raptadas pelo grupo radical Boko Haram, recusou ser libertada numa troca de prisioneiros, declarando estar "bem" e "casada".
NIGÉRIA SOLTA MEMBROS DO BOKO HARAM EM TROCA DE 82 RAPARIGAS RAPTADAS
Há semanas que decorriam conversações com o grupo armado no sentido da libertação de 83 raparigas, referiu a presidência da Nigéria esta terça-feira, citada pela agência France Press. Mas apenas 82 foram libertadas.
De acordo com o porta-voz da presidência nigeriana, uma das 276 estudantes de liceu raptadas em Chibok, nordeste do país, em 2014, "disse não": "Estou bem onde estou. Estou casada".
Depois de mais esta libertação - 21 adolescentes foram trocadas em outubro; 3 foram encontradas pelo exército nigeriano e 57 conseguiram escapar - o Boko Haram mantém cativas ou sob o seu controlo 113 raparigas.
As jovens agora libertadas "não são todas originárias da cidade de Chibok, mas também de aldeias nos arredores", indicou a mesma fonte.
O Boko Haram, que utiliza o rapto massivo como forma de recrutamento, raptou dezenas de milhares de pessoas, que o exército nigeriano tem vindo a libertar ao ritmo das suas incursões em território controlado pelo grupo terrorista.
As pessoas resgatadas são depois todas submetidas pelo Governo nigeriano, ou respetivas forças armadas, a processos frequentemente muito longos de apuramento da identidade e grau de simpatia em relação ao Boko Haram. Estes processos de "screening" duram por vezes vários meses.
Garba Shehu, porta-voz da Presidência nigeriana, garantiu que as raparigas não tinham ainda sido entregues às respetivas famílias, porque as autoridades tinham a necessidade de garantir as respetivas identidades.
"Os nomes foram publicados, mas devido à semelhança de alguns nomes, preferimos assegurar-nos das suas identidades mostrando as fotografias às famílias", explicou, de acordo com a AFP.
A Amnistia Internacional apelou no passado domingo às autoridades nigerianas para não prolongarem o tempo do inquérito militar tradicional que pretende aferir o grau de ligação do Boko Haram.
No início de abril, a Unicef denunciou também a detenção de centenas de crianças pelas forças armadas nigerianas, que as interrogam sobre o Boko Haram e a eventual filiação ao grupo jihadista.