Barack Obama pediu, este domingo, "coragem política" aos membros do Congresso norte-americano para impedir a revogação da lei de saúde que impulsionou em 2010.
Ao receber o prémio Perfis de Coragem, em Boston (Massachusetts), o ex-Presidente dos Estados Unidos elogiou os deputados que votaram a favor da reforma da saúde, conhecida como "Obamacare", há sete anos, especialmente aqueles que perderam os assentos por terem tomado essa decisão.
"Estes homens e mulheres [que votaram pela lei de saúde] fizeram o correto, o difícil, eles foram perfis de coragem", afirmou Obama, no primeiro discurso de tom político desde que deixou a Casa Branca em 20 de janeiro.
"É a minha entusiasta esperança e entusiasta esperança de milhões de pessoas que, independentemente do partido, essa coragem seja possível. Que os membros do Congresso de hoje estejam dispostos a olhar para os factos e dizer a verdade, inclusive quando isso vai contra os dogmas do partido", apontou.
"Espero que os atuais membros do Congresso reconheçam que é preciso pouca coragem para ajudar aqueles que já são poderosos, cómodos e influentes, mas que é necessária uma grande coragem para defender os vulneráveis, os convalescentes e os doentes", insistiu, aludindo às consequências do projeto de lei apresentado pelos republicanos.
Obama evitou quaisquer ataques partidários e nunca mencionou o nome do sucessor, Donald Trump, que critica frequentemente a anterior administração e tem trabalhado para eliminar muitas das iniciativas de Obama, como o programa de saúde.
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, de maioria republicana, adotou na quinta-feira um texto de revogação e substituição da emblemática lei de Barack Obama sobre a saúde, o que constitui uma vitória para Trump.
A adoção do diploma ocorreu após várias semanas de negociação na bancada republicana e duas tentativas falhadas para aprovar o texto.
A discussão sobre o diploma prossegue agora no Senado, a câmara alta do parlamento, onde o texto deverá ser fortemente alterado nas próximas semanas.
"Espero que entendam que coragem não significa simplesmente fazer o que é politicamente conveniente, mas sim o que, no fundo dos nossos corações, sabemos que é o correto".