Emails da equipa do favorito nas presidenciais francesas pirateados foram divulgados depois de a campanha eleitoral ter entrado no período de reflexão.
#Marconleaks. A hashtag foi criada escassos minutos antes de toda a campanha para as presidenciais francesas ter, por lei, que silenciar-se, às zero horas deste sábado. E multiplicou-se, perante a impossibilidade de ser dito o que quer que seja, para lá da constatação de que se estava perante "um ato de pirataria maciço e coordenado". Em tudo semelhante ao que afetou a campanha do Partido Democrata de Hillary Clinton, nas presidenciais norte-americanas, até na origem: a divulgação partiu de um fórum associado a Donald Trump e à Extrema-Direita dos EUA, 4chan.
A verdade é que foi o assunto do dia, para lá da mobilização policial - mais 50 mil elementos junto das urnas e, após os resultados, nas ruas, para evitar excessos como os que marcaram a primeira volta, numa França assombrada pelo terrorismo - para a segunda ronda da eleição que está a deixar a Europa em suspenso.
"MACRON TEM O APOIO DA ESMAGADORA MAIORIA DOS LUSODESCENDENTES"
Em causa estão 15 gigabites de conteúdos de emails pessoais e profissionais dos membros da equipa do candidato centrista Emmanuel Macron, líder do movimento Em Marcha! e favorito no escrutínio deste domingo, em que defronta a líder da Extrema-Direita, Marine Le Pen. Muitos autênticos e, garante a equipa do independente, muitos falsos.
O movimento de Macron diz não temer os verdadeiros. "São todos legais e traduzem o funcionamento normal de uma campanha presidencial. A sua difusão torna públicos dados internos, mas não constitui preocupação quanto à legalidade e conformidade dos documentos em causa", explica, citado no "Le Monde". Há mensagens e contas de campanha.
Já quanto aos documentos falsos, o movimento de Macron apenas diz que visam "semear a dúvida e a desinformação". Os jornais franceses seguiram a recomendação da Comissão Eleitoral e abstiveram-se de divulgar os conteúdos pirateados, respeitando a lei do período de reflexão e, acima de tudo, admitindo ser impossível analisar tamanha quantidade de documentos. Alguns, adianta o "Le Monde", suscitam efetivamente dúvidas.
Tal como suscita muitas questões o facto de os documentos terem sido partilhados no bloco de notas público em linha Pastebin, que protege o anonimato, em ligações anunciadas pelo fórum 4chan e multiplicados em contas pró Donald Trump nas redes sociais. A primeira delas do norte-americano de ultra direita Jack Posobiec, pró Trump e pró Le Pen, ligado a publicações da "direita alternativa" e ao gosto por informações falsas. Muitas divulgadas por militantes da Frente Nacional de Marine Le Pen.
A própria Wikileaks, que divulgara os emails pirateados da equipa de Clinton, começou por ter dúvidas - "Para quê? Levantar suspeitas? Criar dúvidas impossíveis de verificar a tempo?", questionava o representante em França do site de Julian Assange -, mas acabou por mundializar a divulgação...