A Alemanha não vai apoiar um projeto de estabelecimento de campos na Líbia, para acolher os migrantes que pretendem chegar à Europa, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, na terça-feira, na sede da União Africana.
Um acordo para este fim foi assinado em fevereiro pela Itália e pelo governo líbio apoiado pela Organização das Nações Unidas, segundo o qual a União Europeia financiaria as instalações.
Agora, Sigmar Gabriel, durante uma conferência de imprensa conjunta com o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, estimou que os migrantes viviam em "condições medonhas" nos campos na Líbia e que construir mais não era, em qualquer caso, uma solução.
"Posso dizer que isso não corresponde à visão política da Alemanha ou da União Europeia. O que tentamos fazer é estabilizar os países do continente" africano, acrescentou.
Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Moussa Faki Mahamat, partilhou o ponto de vista de Gabriel, sublinhando que nos "imensos territórios" do Saara e do Sahel, "é muito difícil instalar campos para conter este afluxo de seres humanos".
O acordo concluído em fevereiro entre a Itália e a Líbia pretendia limitar as partidas de migrantes. Previa nomeadamente a criação de campos de acolhimento destes migrantes e incentivos ao regresso aos respetivos países, quando não pudessem solicitar o estatuto de refugiados.
Entretanto, o acordo foi suspenso em 22 de março pelo tribunal de recurso de Tripoli.
No total, cerca de 550 mil migrantes chegaram a Itália entre 2013 e 2016, e mais 37 mil desde o início deste ano.
Mais de 4.500 pessoas morreram ou desapareceram em 2016 na tentativa de travessia do Mediterrâneo e mil já desde o início de 2017.