Programa da autarquia está com atrasos. Nas Avenidas Novas há obras que deviam ter terminado há dois meses
Quem passa na Avenida Praia da Vitória não tem como não reparar: a rua continua esventrada, à espera de um piso novo, as máquinas estão em plena atividade. Rua abaixo, o comércio parece estar todo encerrado - na verdade as portas só estão encostadas para evitar o barulho e o pó. O site da câmara que acompanha a evolução do programa Pavimentar Lisboa diz que as obras vão terminar em julho. O cartaz ao fundo da rua diz que já deviam ter terminado, em março de 2016.
A Avenida Praia da Vitória não é caso único. Há vários exemplos de obras do Pavimentar Lisboa que derraparam nos prazos e se vão arrastar até ao Verão. Não é preciso ir muito longe. Logo ali ao lado, as obras de requalificação da Avenida Rovisco Pais têm o fim anunciado para Abril de 2016, num cartaz colocado ao início da rua. Passado um mês sobre esse prazo a artéria continua cortada num dos sentidos, a faixa central da rua serve de depósito aos blocos de pedra e de estacionamento à maquinaria. Na Duque d"Ávila - que integra o mesmo eixo de requalificação - o cenário repete-se, e neste caso ainda sem obras nos passeios. De acordo com o site da Câmara Municipal de Lisboa, julho de 2016 é a a nova data para conclusão das obras. O DN questionou a autarquia sobre as razões do atraso na requalificação destas artérias, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.
Na Avenida Praia da Vitória, para onde está prometido um novo acesso pedonal, a alteração do desenho do cruzamento com a Avenida Defensores de Chaves, a replantação de árvores e o nivelamento das passadeiras, as obras parecem ser vistas com alguma bonomia. Elzira Duarte, moradora na zona, diz que a rua "vai ficar mais bonita", "os passeios estão muito melhores". A parte já finalizada da obra - precisamente o alargamento dos passeios, que só conservaram a calçada portuguesa junto aos edifícios - não merece reparos, pelo contrário. "Fica mais agradável. O passeio é inclinado, com as pedras já muito gastas as pessoas estavam sempre a cair aqui. Então se chovesse... Gosto mais da calçada portuguesa, mas este piso é mais funcional", diz Celeste Fernandes, da pastelaria Amanhecer. O negócio não melhorou com as obras - "houve dias em que era quase impossível estar aqui" - , mas a comerciante acredita que a rua vai "ficar melhor".
Na Avenida Duque d" Ávila, com obras desde Dezembro, o espírito é o oposto. Ventura Pinheiro, comerciante naquela artéria, mostra a queixa que fez seguir para a câmara: "De manhã passam aqui centenas de pessoas, alunos do Instituto Superior Técnico, do INESC [Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores], dos escritórios, do comércio. É impossível passar, as pessoas atropelam-se e caem." Na resposta, a autarquia justificou a paragem das obras, durante duas semanas, com o "atraso na aprovação às alterações ao projeto de iluminação pública, por parte da EDP". E garantiu que "a zona de circulação pedonal encontra-se bem delimitada e protegida". Ventura Pinheiro protestou outra vez: "Isso é na Rovisco Pais. Aqui quase não há passeios."
Não é só nas Avenidas Novas que há atrasos. Em Campolide, a Avenida Miguel Torga continua à espera da prometida repavimentação. Os folhetos distribuídos aquando do início das obras apontavam Abril de 2016 como a data prevista para a conclusão, um prazo que entretanto já passou para o mês de Junho. As obras na Marquês da Fronteira, mesmo ali ao lado, também já começaram. De acordo com o site que acompanha as obras do Pavimentar Lisboa há atualmente 29 ruas em requalificação. O programa, que se estenderá até 2017, prevê intervenções em cerca de 150 arruamentos da capital, num investimento de 25 milhões de euros.