A empresa elétrica estatal suspendeu esta sexta-feira o fornecimento elétrico ao Parlamento, horas depois de o presidente Nicolás Maduro acusar os parlamentares de sabotar a sua gestão e anunciar que suspenderia a luz nas horas de racionamento elétrico.
A suspensão foi confirmada pelo deputado Jesus Yánez, que acusou o chefe de Estado de ter declarado a guerra ao parlamento, onde a oposição é a maioria.
"Se o ataque é contra a Assembleia Nacional, que culpa têm os setores circundantes do parlamento? Porque os próprios vizinhos que trabalham e vivem nas proximidades se têm queixado que lhes tiraram a luz", disse o deputado, aos jornalistas.
A suspensão afeta ainda a sede do Parlamento Latino-americano e a redação do diário El Impulso.
O presidente do parlamento, Henry Ramos Allup, reagiu à suspensão e anunciou que o parlamento continuará a legislar, mesmo sem serviço elétrico.
"Continuaremos a trabalhar em prol do povo venezuelano. Onde devem cortar a luz é em Miraflores [palácio presidencial] e no Supremo Tribunal de Justiça, para que não continuem a destruir a Venezuela", escreveu na sua conta do Twitter.
Segundo Henry Ramos Allup, "aquando do Presidente Guzmán Blanco não havia eletricidade nem no Palácio Federal Legislativo".
A Venezuela implementou um novo plano de racionamento de energia elétrica, que passa também pelo corte de fornecimento doméstico, durante quatro horas diárias.
Militar, advogado e político, António Guzmán Blanco presidiu a Venezuela em três oportunidades, de 1870 a 1877, de 1879 a 1884 e de 1886 a 1888.
A 25 de abril passado, a Venezuela implementou um novo plano de racionamento de energia elétrica, que passa também pelo corte de fornecimento doméstico, durante quatro horas diárias, ao longo de 40 dias, na sequência da seca provocado pelo fenómeno meteorológico El Niño.
O novo plano de racionamento poderá prolongar-se até o nível da principal barragem do país (El Guri) recuperar ou até começar a época das chuvas (finais de maio).
Um dia depois, o presidente Nicolás Maduro anunciou que a paralisação das atividades dos serviços públicos do país às quartas, quintas e sextas-feiras, durante pelo menos duas semanas, para poupar energia elétrica.
A cidade de Caracas foi excluída do novo racionamento de eletricidade, por ser a sede dos órgãos de poder públicos.
Em março, Nicolas Maduro decretou dias feriados o período entre 19 e 27 de março, coincidindo com a época da Páscoa.