O Instituto de Pesquisa do Médio Oriente (MEMRI, em inglês) considerou que o grupo extremista Estado Islâmico pretendeu mostrar que pode atacar em qualquer ponto da Europa ao referir-se a Portugal e à Hungria, numa recente ameaça.
O MEMRI é um instituto de pesquisa, fundado em fevereiro de 1998 e com sede em Washington, nos Estados Unidos, que tem como objetivo "preencher a lacuna de linguagem entre o Ocidente e o Médio Oriente" e que monitoriza o terrorismo e o "jihadismo".
O instituto divulgou na segunda-feira um relatório no qual analisa várias mensagens divulgadas pelo grupo extremista, incluindo uma, difundida a 23 de março, que refere Portugal e a Hungria, bem como os ataques de Bruxelas.
"Hoje foi Bruxelas e o seu aeroporto, amanhã pode ser Portugal e a Hungria", refere o grupo extremista no título da mensagem, que o instituto considerou querer dizer que "nenhuma nação europeia ou capital está a salvo de ataques". Os dois países não voltam a ser referidos no seu conteúdo.
Aquela mensagem publicada no órgão de propaganda do Daesh Al-Wafa, analisada pelo instituto, começa a elogiar os membros do grupo extremista, que realizaram o ataque em Bruxelas, "capital da União Europeia", e um membro da coligação que combate o Estado Islâmico.
"Os autores disseram à Bélgica: Viemos hoje com bombas, cintos explosivos e espingardas. Vamos mandar-vos para o inferno em caixões. Sim, por Deus todo-poderoso, vamos atingir-vos nas discotecas, estádios, escolas, universidades, em terra, no mar, em todos os lugares. Vamos atacar militares, polícias, mulheres, homens, idosos, crianças. Não vamos deixar nenhum de vocês (vivo)", segundo a mensagem traduzida pelo instituto.
No relatório do instituto, constam mais duas mensagens: uma dirigida a Londres, que o grupo extremista pretende transformar numa "província" do califado e outra contra os Estados Unidos.
Na mensagem, dirigida ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, o grupo Estado Islâmico adverte que o que aconteceu em Paris e Bruxelas "é só o começo".
"Com ajuda de Deus, os soldados do califado vão em breve invadir o coração da sua casa, Inglaterra, defensora da cruz, e mais tarde invadir a América, o tirano deste século e protetor dos judeus na Palestina. Com a ajuda de Deus, o futuro vai ser ainda mais amargo. A Europa vai viver um pesadelo que só vai emergir depois da bandeira do Estado Islâmico voar no seu solo", refere a mensagem.
Na mensagem dirigida aos Estados Unidos, o grupo avisa que o califado vai "invadir" e paralisar a "economia e o trânsito nos aeroportos e no serviço de transportes".
"O medo e o terror vão entrar nos vossos corações. O Ocidente vai perceber que, desta vez, o poder do Estado Islâmico é real e que, com a ajuda de Deus, vai cair e ser derrotado pelo Estado Islâmico. Os vossos aparatos de segurança vão ser incapazes de controlar a qualidade e precisão dos ataques", acrescenta a mensagem.