Três anos após a eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para Papa, o atual líder máximo da Igreja Católica alcançou o estatuto de "superstar", conhecido por crianças e adultos em todo o mundo.
Vindo do "fim do Mundo", como referiu na sua primeira intervenção pública na famosa varanda da Praça de S. Pedro, em Roma, o já Papa Francisco - o primeiro natural do Hemisfério Sul - é responsável pelo fim da "rigidez" alemã e pela chegada do "à-vontade" que caracteriza a América do Sul.
"O Papa Francisco chega numa altura agitada da Igreja, após a resignação de Bento XVI, que é uma novidade no Vaticano, e tem que enfrentar as sombras que existem e que transmitem uma visão excessivamente pessimista da Igreja", disse ao JN Alexandre Palma, padre, doutorado em Teologia, professor na Universidade Católica.
"Há três anos, a Igreja tinha descido tão baixo, tão baixo, que era preciso uma mudança radical", confirma Anselmo Borges, padre e professor de Filosofia em Coimbra. Neste contexto, surge Francisco com uma "teologia muito próxima das comunidades e da realidade".
"O Papa criou uma nova forma de comunicar e de fazer passar a mensagem. Diariamente, nas homilias que profere na missa que celebra na Igreja de Santa Marta e através das intervenções públicas que faz e que são entendidas por toda a gente", refere o teólogo Alexandre Palma.
Em três anos, os mais críticos, afirmam que Francisco "produziu" pouca doutrina. Publicou a encíclica Laudato Si, um documento sobre a defesa do ambiente, e fez duas exortações apostólicas: Lumen Fidei (A luz da fé) e Evangeliu Gaudium (A alegria do Evangelho). Mas é longe da Cúria que Francisco parece sentir-se mais livre para "doutrinar".
A viagem a Cuba, a vontade de visitar Moscovo e Pequim, os encontros ecuménicos e a forma como, aos poucos, introduz na cúria romana temas "fraturantes" - como o papel das mulheres na Igreja, a homossexualidade e os recasados, entre outros - aproximou dos católicos pessoas que se tinham afastado.