Os bancos estão a aumentar os montantes emprestados para crédito à habitação, numa altura em que as famílias beneficiam de taxas de juro historicamente baixas, com o valor concedido em dezembro passado a ser o mais alto desde 2011.
De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal, em dezembro de 2015, as novas operações com crédito à habitação totalizaram 469 milhões de euros, um aumento face aos 413 milhões de euros de novembro e representando o valor mais alto desde maio de 2011.
Este valor parece significar o início de uma recuperação no mercado de crédito à habitação, que ganha força se for feita a comparação com os anos anteriores. Fazendo as contas, em 2015 os bancos emprestaram, em média, 334 milhões de euros por mês para a compra de casa, sendo que em 2014 o valor médio foi de 193 milhões e, em 2013, foi ainda mais baixo, de cerca de 170 milhões.
Ainda assim, os valores do fim de 2015 em nada se comparam com os registados antes da crise financeira, nos anos de intensa concessão de crédito pelos bancos.
Analisados os dados do Banco de Portugal, entre 2004 e 2007, os bancos emprestavam mais mil milhões de euros por mês para a compra de casa. Em julho de 2007 foi atingido o valor recorde de 1,8 mil milhões de euros só em crédito à habitação.
Apesar de os valores agora concedidos estarem longe desses anos nota-se uma recuperação, com a associação de defensa do consumidor Deco a considerar que tal é fruto de os bancos estarem de novo mais dispostos a emprestar dinheiro e a praticarem menores 'spreads' (margem de lucro do banco), do contexto de taxas de juro Euribor historicamente baixas e de o mercado de arrendamento ainda não ser, em muitos casos, uma alternativa verdadeiramente viável para as famílias.
"Há algum entusiasmo pela parte das famílias em recorrer ao crédito à habitação, até porque nestes últimos anos esteve fechado. Mas é importante que as famílias o façam com cautela", disse à Lusa Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco.