A comissária europeia Elisa Ferreira alertou, esta quinta-feira, no Fórum para a Sustentabilidade e Sociedade, em Matosinhos, que "descarbonizar não significa desindustrializar". Aliás, "a Europa percebeu que tem de continuar a ter indústria". Por isso, grande parte dos apoios da União Europeia destina-se, precisamente, a "mantê-la, mas de forma mais limpa".
Apesar de a Europa contribuir "em cerca de 8% para as emissões globais", assumiu um "papel de liderança" no que diz respeito à transição energética, convicta de que poderá dar o exemplo ao mundo. O New European Bauhaus, refere Elisa Ferreira, é uma das formas de lá chegar, com todos os desafios que, pelo caminho, terão de ser ultrapassados. Entre eles estão o clima e a segurança interna, fruto da guerra na Ucrânia. "Precisamos, de facto, de uma alavanca forte, proporcionada por pacotes legislativos, opções e decisões políticas", nota a comissária europeia, que encerrou a cimeira desta quinta-feira.
"Entretanto, as transformações em curso a nível mundial também permitem tirar uma outra conclusão: descarbonizar não significa desindustrializar. A Europa percebeu que tem de continuar a ter indústria", reforça Elisa Ferreira. Por isso, o objetivo é "manter a indústria, mas de forma mais limpa, mais assente em tecnologias do futuro". Alguns exemplos disso são a reciclagem de baterias, turbinas, bombas de calor, painéis solares, eletrolisadores, entre parcerias com "empresas, universidades e Estados".
E só em energias renováveis, sublinha Elisa Ferreira, estima-se a criação de cerca de dois milhões de postos de trabalho. "Portugal está também na frente em termos de energias renováveis", afirma. Entre os apoios da União Europeia para a transição energética está um envelope de 224 milhões de euros, para a reconversão da refinaria de Matosinhos, das duas centrais elétricas de carvão do Pego e de Sines.
"É para isso que existem os fundos, para reequilibrar o território", nota a comissária.