A Polícia queniana divulgou que diversos corpos de membros de uma seita cristã foram encontrados sem os órgãos, o que levou os investigadores a suspeitar da prática de extração forçada destas partes para venda.
"Relatórios post mortem estabeleceram a falta de órgãos em alguns dos corpos de vítimas que foram exumados", afirmou o inspetor-chefe da Polícia, Martin Munene, numa declaração enviada a um tribunal em Nairóbi. "Acredita-se que o comércio de órgãos do corpo humano tem sido bem coordenado envolvendo vários atores", completou.
Apesar da principal suspeita de causa de morte das pelo menos 112 pessoas ser inanição, após um jejum feito para "encontrar Jesus", as autoridades investigam outras práticas. De acordo com o patologista do Governo, Johansen Oduor, citado pela agência France-Presse, algumas das vítimas, incluindo crianças, foram estranguladas, espancadas ou sufocadas. Novas exumações serão realizadas esta terça-feira.
O caso ganhou notoriedade após a descoberta de valas comuns perto da cidade costeira de Melinde, em abril. A Polícia deteve o pastor e fundador da "Igreja Internacional das Boas Novas", Paul Nthenge Mackenzie, suspeito de ter incentivado o jejum, e o televangelista Ezekiel Odero, com alegadas conexões com o caso.
Segundo Munene, Odero terá recebido "enormes transações em dinheiro" dos seguidores de Mackenzie, que venderam as suas propriedades. O televangelista, que foi libertado na quinta-feira após pagar fiança, teve mais de 20 contas bancárias congeladas durante um mês, após uma decisão do tribunal em Nairóbi.
As autoridades continuam a trabalhar para encontrar mais corpos e resgatar sobreviventes na floresta Shakahola, onde pelo menos 20 valas comuns foram encontradas. O ministro do Interior, Kithure Kindiki, afirmou que 65 pessoas foram resgatadas com vida. "Receio que tenhamos muito mais valas nesta floresta e, portanto, isso leva-nos a concluir que este foi um crime altamente organizado", completou o governante.