O presidente da Câmara de Odessa, importante cidade portuária no sul da Ucrânia, foi detido por suspeita de desvio de fundos públicos, num grande caso que data de 2016, anunciaram as autoridades ucranianas.
O Supremo Tribunal especializado em casos de corrupção ordenou a prisão de Gennadiï Troukhanov, de 58 anos, por 60 dias, informou a procuradoria anticorrupção no Telegram.
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O caso remonta a 2016, quando o município de Odessa comprou prédios a um preço considerado inflacionado pelos investigadores.
Troukhanov, no cargo desde 2014, e vários outros funcionários da autarquia são acusados de terem desviado cerca de 92 milhões de grívnias (2,3 milhões de euros).
Em 2020, um tribunal local absolveu os suspeitos, incluindo Troukhanov, mas as estruturas nacionais anticorrupção recorreram da decisão.
Apelidado pelos jornalistas de "campeão da má reputação", o autarca tem sido visado pela comunicação social por alegados casos de corrupção e ligações com o crime organizado, e de ter um passaporte russo, o que ele sempre negou.
No passado, foi membro do Partido das Regiões do ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovych, deposto após a revolta pró-ocidental de Maidan, em Kiev.
Odessa, um dos principais portos da Ucrânia, era considerada um centro de contrabando no país até a invasão russa, que levou ao bloqueio quase total dos portos marítimos ucranianos.
Destino de férias popular para muitos ucranianos e russos antes do início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, Odessa foi alvo de bombardeamentos frequentes pelas forças russas, apesar de nunca terem conseguido aproximar-se da cidade.
Em janeiro, a Unesco colocou o centro histórico de Odessa na lista do Património Mundial em Perigo.
A Ucrânia ficou em 116º lugar entre 180 países no Índice de Perceção de Corrupção compilado pela ONG Transparência Internacional para 2022, e divulgado no início deste ano.
No início, vários altos funcionários foram demitidos, incluindo seis membros do executivo de seis membros e cinco governadores regionais, no que constituiu a maior mudança na administração desde o início da invasão russa.
Na mesma altura, o país foi abalado por um escândalo relacionado com um contrato assinado pelo Ministério da Defesa por um valor alegadamente inflacionado de bens alimentares destinados aos soldados.
A transparência é uma exigência dos aliados de Kiev, que depende do seu apoio no esforço de guerra contra a Rússia, bem como condição no processo de adesão à União Europeia, sendo ainda uma "bandeira" que conduziu Volodymyr Zelensky ao poder nas eleições de 2019.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).