Jair Bolsonaro depôs esta quarta-feira na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, no âmbito do processo que investiga a invasão às sedes dos Três Poderes, a 8 de janeiro.
O ex-presidente é suspeito de ter instigado os ataques, tendo, a 10 de janeiro, partilhado e apagado um vídeo nas redes sociais em que voltava a questionar as urnas e a apuração das eleições de 2022 - situação que a defesa alega ter sido um "equívoco".
A pedido da Procuradoria-Geral da República, o antigo chefe de Estado prestou depoimento à Polícia Federal por duas horas após uma determinação do juiz do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. De acordo com a TV Globo, Bolsonaro respondeu apenas às perguntas relacionadas com o vídeo que partilhara a 10 de janeiro, com ataques às urnas e à apuração - atitude considerada suspeita de "instigação" pela PF.
Sob efeito de morfina
Após o depoimento, a equipa de defesa alegou à Imprensa que a publicação na rede social "foi feita de forma equivocada", já que Bolsonaro estava sob efeito de morfina, após um internamento para tratar uma obstrução no intestino. Segundo o advogado Cunha Bueno, citado pelo portal "G1", o ex-presidente, que nessa altura estava nos Estados Unidos, tentava "salvar um arquivo para posteriormente poder visualizá-lo e assisti-lo integralmente".
O líder de extrema-direita não respondeu a perguntas sobre outros temas. O assessor Fábio Wajngarten afirmou que Bolsonaro repudiou os acontecimentos de 8 de janeiro e que "virou a página política".
Comissão parlamentar
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, criou hoje uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que será composta por 16 senadores e 16 deputados, para investigar os atos de 8 de janeiro. O Governo brasileiro era contrário a criação de uma CPMI por acreditar que a invasão às sedes dos Três Poderes já estava a ser investigada pelas autoridades competentes, porém, o discurso mudou após a demissão do general Gonçalves Dias, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).