O presidente russo, Vladimir Putin, garantiu, esta quinta-feira, que a Rússia vai continuar a aumentar a cooperação militar e de segurança com a Bielorrússia, devido às crescentes tensões nas fronteiras de ambos os países, no âmbito da guerra na Ucrânia.
"Rússia e Bielorrússia estão a aumentar e continuarão a aumentar a sua cooperação no campo militar e de segurança", destacou Putin durante a reunião do Conselho Supremo da União Estatal, que integra Moscovo e Minsk.
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O chefe de Estado russo sublinhou que esta cooperação técnico-militar responde "sem dúvida" aos interesses fundamentais de ambos os países e respetivos povos, propondo por isso o desenvolvimento de uma doutrina de segurança no quadro dessa união russo-bielorrussa.
O objetivo é contrariar, entre outros coisas, a "guerra de informação e das sanções" ocidentais, especificou.
"Convém-nos desenvolver seriamente o planeamento estratégico, pelo que vamos continuar a reforçar o sistema de segurança da União Estatal", apontou, citado pela agência Efe.
Putin determinou também que o Conselho de Segurança da Rússia apoie a proposta do homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, de prorrogar vários dos acordos existentes neste domínio.
No final do encontro, o Kremlin tinha insistido que a decisão de enviar armas nucleares táticas de curto alcance para a Bielorrússia constitui uma resposta à decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) de se aproximar das fronteiras russas
"A NATO está a expandir-se até às fronteiras com a Rússia. Não é a Rússia que está a acercar-se, com a sua infraestrutura militar, das fronteiras com a NATO. Este é um movimento na direção oposta", afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.
Citado pela agência noticiosa russa Interfax, Peskov realçou que a Rússia está "preocupada com a sua segurança" e estão a ser tomadas medidas para "garantir e reequilibrar a arquitetura de segurança no continente".
No final de março, Putin deu conta de um acordo para a implantação de armas nucleares táticas russas no território da Bielorrússia em resposta ao anúncio britânico do fornecimento de munições de urânio empobrecido às Forças Armadas ucranianas.
Segundo Putin, a construção das instalações para o armazenamento de armas nucleares táticas na Bielorrússia será concluída a 01 de julho, embora as armas permaneçam sempre sob controlo russo.
A Bielorrússia tem há meses mísseis táticos Iskander, capazes de transportar ogivas nucleares e a Rússia já tem até dez aeronaves de combate com capacidade nuclear destacados em território bielorrusso.
Já o Secretário-Geral do Conselho de Segurança da Bielorrússia, Alexander Volfovich, descartou hoje o uso das armas nucleares táticas russas que serão em breve enviadas para o território da antiga república soviética.
"O importante não é a quantidade, o importante é a qualidade e o saber o que usar e quando usar. E nós sabemos como fazer isso... [mas] não creio que chegaremos a utilizá-las", afirmou Volfovich, citado pela agência noticiosa bielorrussa Belta.
Quanto aos prazos para o envio, admitiu que é uma decisão que cabe aos presidentes russo, Vladimir Putin, e bielorrusso, Alexander Lukashenko.
"Depende deles", frisou Volfovich.
Lukashenko, que está a cumprir uma visita oficial a Moscovo, reconheceu hoje ter discutido quarta-feira esta questão, bem como a cooperação técnico-militar em geral, com Putin, no Kremlin.
Nesse sentido, o presidente bielorrusso pediu a destruição de todas as armas nucleares existentes no mundo e, na falta disso, exigiu que os Estados Unidos retirem todas as suas armas estratégicas do exterior, especialmente da Europa.
O presidente bielorrusso acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) de recorrer à pressão militar nas fronteiras dos dois países depois de fracassar na formação de um bloco económico.