André Ventura anunciou, esta quinta-feira, a intenção de organizar um evento para reunir líderes da extrema-direita em Lisboa, adiantando ter convidado os ex-presidentes do Brasil e Estados Unidos, Jair Bolsonaro e Donald Trump. Na mesma conferência de imprensa, o presidente do Chega disse estar "chocado" com o afastamento do padre Mário Rui Pedras, seu amigo, confessor e orientador espiritual, por suspeita de abusos sexuais.
O evento organizado pelo Chega, cuja data e local ainda não foram definidos, tem como objetivo "federar líderes da direita europeia e americana", promover "alianças de articulação na luta contra o socialismo" e ser "um polo alternativo, em solo europeu, à conferência conservadora" que anualmente decorre nos Estados Unidos.
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André Ventura disse, em conferência de imprensa na sede nacional do Chega, em Lisboa, que os ex-presidentes brasileiro e norte-americano, Jair Bolsonaro e Donald Trump, respetivamente, foram convidados, mas ainda não confirmaram a sua presença. Foram também convidados "vários líderes da direita europeia", mas Ventura não revelou quais. "Sei até que o professor Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, está disponível a receber Jair Bolsonaro se ele o solicitar e estando ele em Lisboa", acrescentou o líder do partido.
"A notícia abala-me profundamente"
Questionado pelos jornalistas sobre o padre Mário Rui Pedras, pároco das igrejas de São Nicolau e da Madalena, em Lisboa, diretor do Departamento do Turismo do Patriarcado de Lisboa e do Departamento da Mobilidade, que foi afastado por suspeitas de abuso sexual, Ventura disse, de acordo com o "Expresso", estar "chocado" com o caso, do qual teve conhecimento "ontem, como toda a gente".
"A notícia choca-me e abala-me profundamente", afirmou Ventura. "Mas isso em nada muda a minha posição. A justiça tem de ser aplicada a todos, seja quem seja", continuou, pedindo que "que se apurem os factos até ao fim". O líder do Chega disse que não falou com o sacerdote e que "nunca" assistiu "a qualquer ato menos próprio ou suspeito, muito menos do padre Mário".
Numa mensagem enviada aos paroquianos, o padre Mário Rui Pedras confessou estar na lista de alegados abusadores entregue pela Comissão Independente, com base numa "denúncia anónima, falsa, caluniosa, sem qualquer elemento útil ou prestável para investigação". O sacerdote disse ainda estar a ser vítima de uma "abjeta e monstruosa difamação".