O Sindicato dos Maquinistas (SAMQ) prevê uma adesão de 100% à paralisação total convocada para esta sexta-feira e e a própria CP - Comboios de Portugal alerta para o "especial impacto" da greve, apesar dos serviços mínimos decretados. Entre os dia 11 e 17 de março, uma greve aos períodos de trabalho que ultrapassem as 7,5 horas deve reduzir a 30% os comboios em circulação, segundo fonte do sindicato.
Os maquinistas da CP exigem aumentos que evitem "uma perda salarial efetiva em face da inflação". Para a greve que decorre entre hoje e domingo, o Tribunal Arbitral decretou serviços mínimos.
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Assim, hoje serão apenas efetuadas 30% de todas as viagens programadas para todos os serviços da CP, dos comboios suburbanos, Alfa Pendular, Intercidades e serviço regional. No sábado e domingo, as viagens de longo curso (Alfa Pendular e Intercidades) ficarão reduzidas a menos de 25% e o serviço regional terá a circular 15% das composições.
Segundo António Domingues, presidente do SMAQ, os maquinistas não faziam greve desde 2013 e estão em luta por entenderem que "o que está a acontecer é muito semelhante ao que aconteceu no período da troika." Por pertencer ao setor público empresarial, a empresa ferroviária do Estado só pode aumentar a massa salarial em 5,1%. Uma vez que esta percentagem inclui os aumentos de todas as componentes salariais, progressões na carreira, promoções e subsídios, "o aumento líquido não vai além dos 3,49% e isso significa que os maquinistas estão a perder poder de compra", aponta o presidente do SMAQ.
O sindicato prevê que a circulação fique restrita a 30% dos comboios ao longo dos oito dias da greve, no primeiro dia por imposição dos serviços mínimos e, nos dias seguintes, pelo facto de os maquinistas não trabalharem períodos superiores a 7,5 horas. O horário de trabalho médio de um maquinista é de oito horas, mas esse cálculo é feito em períodos de 12 dias. Ou seja, pode haver dias em que o maquinista para cumprir os serviços para que está escalado tenha que trabalhar nove ou dez horas, sem que estas sejam consideradas extra-horário. O presidente do SMAQ antevê que esta recusa dos maquinistas limite a circulação de composições a um máximo de 30%.
O SMAQ afirma que "não foi feita nenhuma tentativa de aproximação, nem marcada nenhuma negociação, por parte da CP ou da tutela". O presidente do SMAQ acrescenta que "depois de entrarmos nesta luta, não vamos desistir sem que haja um processo negocial" e deixa a porta aberta para mais greves no futuro.