O proprietário da empresa russa Wagner, acusada pelo Ocidente de empregar mercenários em combates em vários pontos no globo, designadamente na Ucrânia, Yevgeny Prigozhin, previu que a guerra se pode arrastar por vários anos.
Numa entrevista em vídeo divulgada na sexta-feira, Yevgeny Prigozhin previu que pode levar de 18 meses a dois anos para a Rússia garantir o controlo total do coração industrial oriental da Ucrânia, Donbass.
RELACIONADOS
Ucrânia. Empresa de mercenários Wagner vai deixar de contratar reclusos russos
Mercenários. Desertor do grupo Wagner detido pela polícia norueguesa
O empresário acrescentou que a guerra pode durar três anos se Moscovo decidir capturar territórios mais amplos a leste do rio Dnieper.
A declaração de Prigozhin, um milionário que tem ligações estreitas ao Presidente russo, Vladimir Putin, e foi apelidado de 'chef' de Putin" pelos seus lucrativos contratos de 'catering' para o Kremlin, sinalizou o reconhecimento das dificuldades que Moscovo enfrentou na campanha, que inicialmente esperava durasse semanas, quando as tropas russas invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
A Rússia sofreu uma série de reveses humilhantes no outono, quando os militares ucranianos lançaram contraofensivas bem-sucedidas para recuperar amplas faixas de território no leste e no sul.
O Kremlin evitou fazer previsões sobre quanto tempo os combates poderiam continuar, dizendo que o que chamou de "operação militar especial" continuará até que os seus objetivos sejam cumpridos.
Autoridades ucranianas e ocidentais alertaram que a Rússia pode lançar uma nova ofensiva ampla para tentar mudar o rumo do conflito à medida que a guerra se aproxima da marca de um ano.
Mas o porta-voz das informações militares da Ucrânia, Andriy Chernyak, disse ao Kyiv Post que "o comando russo não tem recursos suficientes para ações ofensivas em larga escala".
"O principal objetivo das tropas russas continua a ser alcançar pelo menos algum sucesso tático no leste da Ucrânia", disse Chernyak.
Prigozhin disse na entrevista que os efetivos do Grupo Wagner continuam a participar em disputadas batalhas pelo controlo da fortaleza ucraniana de Bakhmut na região de Donetsk e reconheceu que as tropas ucranianas estavam a manter uma resistência feroz.
Enquanto as tropas russas avançam nos seus ataques no Donbass, Moscovo também procura desmoralizar os ucranianos, deixando-os sem aquecimento e sem água no que está a ser um rigoroso inverno.
Na sexta-feira, a Rússia lançou a 14.ª ronda de ataques maciços contra instalações de energia ucranianas e outras infraestruturas vitais.
Instalações de infraestruturas de alta tensão foram atingidas nas regiões leste, oeste e sul, resultando em falta de energia em algumas áreas.
A empresa de energia da Ucrânia, Ukrenergo, disse hoje que a situação era "difícil, mas controlável", acrescentando que envolvia 'backups' para manter o fornecimento de energia, mas observando que o racionamento no abastecimento de eletricidade continuará nalgumas zonas.
O chefe militar da Ucrânia, general Valerii Zaluzhnyi, disse que as forças russas lançaram 71 mísseis de cruzeiro, 35 mísseis S-300 e sete 'drones' [aparelhos aéreos não-tripulados] Shahed entre o final de quinta-feira e o meio-dia de sexta-feira, acrescentando que as defesas aéreas ucranianas derrubaram 61 mísseis de cruzeiro e cinco 'drones'.