O primeiro-ministro polaco acusou esta sexta-feira o presidente russo, Vladimir Putin, de "construir novos campos a leste", por ocasião do 78.º aniversário da libertação pelo Exército Vermelho do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, data evocativa das vítimas do Holocausto.
"No dia da libertação do campo hitleriano alemão da morte Auschwitz-Birkenau, lembremo-nos que Putin está em vias de construir novos campos a leste", escreveu Mateusz Morawiecki na sua página na rede social Facebook, apelando ao apoio à Ucrânia para que a História "não se repita".
Em outubro passado, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha-se referido à prisão de Olenivka, nas regiões leste da Ucrânia controladas pelos separatistas russófonos, e que qualificou de "campo de concentração" onde os prisioneiros ucranianos estão detidos.
Em 2022, os investigadores da ONU declararam ter recolhido informações sobre mais de 400 detenções arbitrárias e desaparecimentos organizados pelas forças russas na Ucrânia.
Diversas organizações também denunciaram os ataques contra populações civis, as condições de detenção de civis e dos prisioneiros de guerra, a transferência forçada de cidadãos ucranianos, incluindo crianças, em direção à Rússia, bem como mortes e violências sexuais comparáveis a execuções.
"Juntos, e com firmeza, devemos opor-nos aos demónios criminosos que cometem um genocídio do leste da Europa", disse Morawiecki na mesma mensagem.
Ao contrário dos anos anteriores, os representantes da Rússia não foram convidados este ano para as celebrações do aniversário da libertação do campo Auschwitz-Birkenau, devido à invasão russa da Ucrânia.
Entre os participantes nesta cerimónia incluíram-se responsáveis religiosos, sobreviventes do Holocausto e Douglas Emhoff, o marido da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que tem origens judaicas.
Construído na Polónia ocupada durante a Segunda Guerra Mundial, Auschwitz-Birkenau é o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi de seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais foi morto naquele campo entre 1940 e 1945, juntamente com mais de 100.000 não-judeus.
Este campo onde cerca de 80.000 polacos não-judeus, 25.000 ciganos e 20.000 soldados soviéticos foram também mortos foi libertado pelo Exército Vermelho a 27 de janeiro de 1945.