Oministro da Economia e do Mar afirmou esta terça-feira que a deputada bloquista Mariana Mortágua se comporta "como se fosse dona das verdades", considerando que esta tem uma posição "obsoleta" e "retrógrada" sobre o papel das tecnologias.
Relacionados
Alexandra Reis. BE diz que caso revela "enormes problemas" na gestão e na tutela da empresa
Ministério Público (Mp). Ministério Público arquiva inquérito sobre colaboração de Mariana Mortágua com os media
Bloco De Esquerda. Proposta de parecer do Parlamento confirma que Mariana Mortágua violou exclusividade
Estas declarações acontecem depois das questões colocadas pela deputada a António Costa Silva, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no âmbito de uma audição regimental.
Mariana Mortágua, na sua intervenção, considerou ser uma "premissa empiricamente falsa" a ideia de que o Estado não é um bom acionista, apontando que por isso "não existe outro ministro tão elogiado pela direita" como António Costa Silva.
A deputada apontou que o ministro estava a fazer um debate "cheio de jargão sobre inovação", "uma espécie de fascínio meio inocente por tudo o que é moderno, por tudo o que é inovação, sem falar em salários e da importância dos salários para a economia, para o crescimento da economia e sem uma postura minimamente crítica sobre o enviesamento financeiro e especulativo face à economia produtiva", como também sem uma posição crítica sobre os avanços tecnológicos e os incentivos fiscais criados.
Em resposta, o ministro respondeu que "o Estado não está vocacionado para dirigir empresas" e que essa é a sua "convicção profunda e pessoal".
Isto até porque "tinha a convicção contrária e depois vivi num país em que vi a nacionalização das empresas", argumentou.
Sobre as tecnologias, "eu penso que a senhora deputada está errada", são "as tecnologias que transformam o mundo, são as tecnologias que nos trouxeram das cavernas até aqui, são as tecnologias que explicam o extraordinário desenvolvimento económico que a nossa civilização tem no século XXI", sublinhou o ministro, enquanto se ouviu Mariana Mortágua a dizer que era como a "banha da cobra".
"É a banha da cobra", retorquiu o ministro, questionando porque é que PIB mundial se desenvolveu.
"Ainda não reparou? Está distraída? É que foram as grandes descobertas - no século XXI ou que foram geradas antes do século XXI -, a revolução industrial, a máquina a vapor, a eletricidade, o telefone, o laser, são essas tecnologias que tiveram impacto na transformação da vida das pessoas", prosseguiu António Costa Silva, no momento mais aceso da audição.
E "a senhora deputada, por essa posição que é obsoleta, retrógrada, que é pura e simplesmente negar o efeito das tecnologias, era a última coisa que eu estava a pensar ouvir no parlamento português esta tarde", lamentou o ministro da Economia.
Aliás, "a senhora deputada é especialista em ter obsessões sobre coisas erradas e a outra coisa errada sobre a qual tem uma grande obsessão é o SIFIDE [Sistema de Incentivos fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial], é o investimento na inovação, é o investimento na tecnologia. Eu às vezes estou nestes debates e parece que estamos aqui a posicionar-nos numa espécie de regresso às cavernas, acabemos com as tecnologias, as tecnologias são nefastas", continuou António Costa Silva.
"Oh senhora deputada, as tecnologias salvaram a espécie humana, tudo aquilo que se passa em termos de investigação", prosseguiu, enquanto Mariana Mortágua retorquia, o que levou o ministro a exigir: "Agora é a minha vez de falar, seja democrata, não seja totalitária, oiça os outros".
E criticou ainda: "A senhora deputada chega a este parlamento e comporta-se como se fosse dona das verdades. Está errada em quase tudo. O SIFIDE é um dos grandes responsáveis pelo país ter feito a sua trajetória em termos de inovação, em termos de desenvolvimento tecnológico, mas, senhora deputada, o mundo não é perfeito" e o "mundo funciona com as imperfeições".
Cabe ao Governo, no âmbito das políticas públicas, "condicionar essas imperfeições", rematou.
Mariana Mortágua também questionou o ministro se a ex-presidente executiva do Banco Português do Fomento, Beatriz Freitas, recebeu indemnização e a mesma pergunta foi colocada aos presidentes das sociedades de garantia mútua.
O ministro respondeu que não sabia mas que iria investigar e informar a deputada sobre o assunto.