Adiretora-geral da Saúde, Graça Freitas, foi esta terça-feira agraciada pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, que destacou a sua dedicação à causa pública de "muitos anos", mas sobretudo durante os anos da pandemia.
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"Uma capacidade para tudo aguentar quase sem limite. E era uma provação diária. Todos os dias, a horas que eram conhecidas - às vezes variavam para se ter os últimos dados da situação -, os portugueses esperavam as notícias dadas pela Dra. Graça Freitas. Passou a ser um elemento da família, de todas as famílias portuguesas", afirmou o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia que decorreu no Palácio de Belém.
Graça Freitas, que terminou o mandato no final do ano, manifestou a vontade junto do Ministério da Saúde de não renovar a nomeação, mas assegurou que permaneceria no cargo até ser substituída.
Fazendo uma referência à saída de Graça Freitas da DGS, ao fim de vários anos no cargo, o chefe de Estado enalteceu o seu trabalho dedicado à causa publica, defendendo que "tem de ser reconhecido".
"No momento em que se avizinha a sua saída da Função Pública, que não a sua saída da memória de todos nós, porque mesmo aqueles que a criticaram imenso, ou aproveitaram para fazer sobre si rábulas humorísticas, ou fizeram recair sobre si as suas indignações ou os seus cansaços, todos reconhecem que, no momento crucial, estava lá. Nunca se negou a dar a cara e isso tem de ser reconhecido", declarou.
"É por isso que vou entregar-lhe as insígnias da grã-cruz da Ordem do Mérito, como agradecimento de Portugal, dos portugueses, todos eles, por uma dedicação à causa pública de muitos anos, mas, sobretudo, uma dedicação em dois anos que valeram por uma eternidade", vincou Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo recordou com humor "momentos de polémica sanitária"
O Presidente da República recorreu ao humor para recordar "momentos de polémica sanitária" que teve com a diretora-geral cessante da Saúde, Graça Freitas, antes de a receber e condecorar no Palácio de Belém.
"Nós morremos se não a tivermos junto de nós, porque faz parte do nosso quotidiano. O quotidiano da saúde sem a doutora Graça de Freitas é como a comida sem sal", considerou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando: "Eu comecei por ser hipotenso e tendo a ser hipertenso, gosto de sal na comida, pode ser um pouco suicida, mas gosto".
O chefe de Estado falava no encerramento de uma sessão comemorativa dos 30 anos do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, em que Graça Freitas foi homenageada, num "breve improviso" durante o seu discurso, para se associar a essa homenagem, que considerou "justíssima".
"Com a doutora Graça de Freitas eu mantive ao longo de dois anos dos mais interessantes momentos de polémica sanitária da minha vida, nomeadamente sobre as máscaras, em que me tornei especialista, e sobre os testes", declarou o Presidente da República, referindo-se a divergências que tiveram sobre medidas de combate à covid-19.
Perante risos na assistência, prosseguiu: "E como ela tinha aquela tarefa imensa e ingrata de comentar todos os dias o que se passava no domínio da pandemia em Portugal, era impossível, sabendo como sabem também que eu gosto de falar, não direi todos os dias, mas sempre que posso, era impossível não haver um confronto de opiniões altamente estimulante".
"Não sei se a ciência da saúde lucrou muito com esse debate, mas tenho a certeza de que os portugueses se sentiram participantes de um projeto coletivo, ouvindo a doutora Graça de Freitas e acompanhando os apontamentos e as sugestões do Presidente da República", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois, o Presidente da República anunciou que iria receber em seguida a diretora-geral cessante da Saúde no Palácio de Belém, que lhe "tinha solicitado uma audiência para se despedir", e que nessa audiência a esperava "uma pequena surpresa".
"Se quiserem, tiverem disponibilidade, estiverem para prescindir dos vossos almoços e quiserem ir até ao Palácio de Belém, estão convidadas e convidados, porque assim em vez de ser uma surpresa solitária, é uma surpresa solidária", convidou, tornando pública esta iniciativa que não fazia parte da sua agenda divulgada à comunicação social.
Em dezembro, foi noticiado que Graça Freitas iria deixar a chefia da Direção-Geral da Saúde, a seu pedido, tendo manifestado a vontade junto da tutela de não renovar a nomeação terminado o mandato atual, no fim de 2022.
A designação do futuro titular do cargo de diretor-geral da Saúde seguirá a tramitação legal, em obediência às regras de recrutamento, seleção e provimento dos cargos de direção superior da Administração Pública, referiu na altura o Ministério da Saúde.
Especialista em Saúde Pública, Graça Freitas assumiu o cargo de diretora-geral da Saúde em 01 de janeiro de 2018, substituindo o médico Francisco George, que deixou o cargo por ter atingido o limite de idade.
Antes, Graça Freitas já desempenhava as funções de subdiretora-geral da Saúde e coordenou o Programa Nacional de Vacinação.
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