O número de empresas interessas em testar o projeto-piloto da semana de trabalho a quatro dias duplicou no último mês, anunciou esta quinta-feira o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes.
Segundo o governante, 63 empresas manifestaram já vontade em participar na experiência piloto. As sessões de informações e esclarecimento realizadas nas últimas semanas ajudaram a que o número de interessados aumentasse.
"Duplicámos no espaço do mês. Há pouco tempo eram pouco mais de 30 e neste momento estamos nas 63", adiantou aos jornalistas Miguel Fontes, à margem de uma visita à Softinsa - IBM, em Viseu.
O secretário de Estado do Trabalho acrescentou que estas empresas estão espalhadas por todo o país e disse que a "boa surpresa" que teve foi que o projeto abraçará "vários setores que à partida se diria que não teriam condições de participar".
"Por exemplo, o setor do retalho e da distribuição em que está aberto em jornada continua, os sete dias da semana, a semana a quatro dias serve porque é nas empresas que já estão habituadas a esta jornada de 24/7 que é mais fácil aderirem porque é só uma nova forma de organizarem os tempos de trabalho", explicou.
A semana de trabalho a quatro dias arranca só a 1 de julho, decorrendo até ao final do ano. Nesta altura, o Governo está ainda a divulgar o projeto piloto junto das empresas. A 20 e 30 de janeiro decorrem novas ações informativas. Miguel Fontes espera que depois disso mais empresas manifestem vontade em participar.
O secretário de Estado do Emprego revelou aos jornalistas que a Navigator foi um dos últimos grupos empresariais a demonstrar interesse no projeto. A empresa decidiu entrar na experiência após uma visita do governante à fábrica de Cacia, que explicou ao administrador do grupo e ao responsável da unidade fabril, que o projeto poderia ser a solução para contornar as dificuldades em arranjar mão-de-obra.
"Quando começaram a formular o problema que tinham [em mãos], dificuldade em atrair os mais jovens para o chão de fábrica, que por muito que tivessem uma política remuneratória até acima da média, tinham dificuldade em atrair as pessoas e que a razão principal era a questão dos horários de trabalho, de organização dos tempos de trabalho e de haver poucos disponibilidade para disso, [viram que] a semana dos quatro dias poderia ser uma resposta para essa situação. Ficaram super entusiasmados e disseram que queriam experimentar", contou.
Miguel Fontes salientou que a experiência piloto que irá para o terreno no último semestre do ano é voluntária e "reversível a todo o momento", garantindo ainda que o Governo não vai "impor nenhum vanguardismo ou modelo".
"Queremos fazer um estudo que nos permita tirar algumas conclusões para o país perceber quais são os impactos positivos que podem decorrer desta nova forma de organização do trabalho. Aqueles que entenderem que tenham a ganhar com isso que o façam, aqueles que entenderem que não que não o façam", conclui.