O Governo britânico convocou hoje o chefe da missão diplomática do Irão no Reino Unido para condenar as "execuções abomináveis" de manifestantes relacionados com os protestos contra o regime iraniano que abalam o país há meses.
O encarregado de negócios da embaixada do Irão, Mehdi Hosseini Matin, foi recebido pelo diretor para o Médio Oriente e norte de África do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, Stephen Hickey, que transmitiu ao representante de Teerão a oposição do Reino Unido à pena de morte em qualquer circunstância.
RELACIONADOS
Pena de morte. Irão condena à morte jovem de 18 anos por participação em protestos
Tensão. Irão encerra instituto francês após publicação de caricaturas sobre Khamenei
Irão. O reacionário Ali Khamenei não dá folgas: véu é "obrigação que deve ser respeitada"
"Hoje convoquei o encarregado de negócios iraniano para condenar com a maior veemência possível as execuções abomináveis a que assistimos durante o fim de semana. O regime iraniano deve terminar a sua campanha de repressão brutal e começar a ouvir as preocupações do seu povo", afirmou o chefe da diplomacia britânica, James Cleverly, num comunicado.
A justiça iraniana anunciou hoje três novas sentenças de morte, elevando para 17 o número de pessoas condenadas à morte no seguimento dos protestos que abalam o país desde setembro, de acordo com uma contagem feita pela agência noticiosa France-Presse (AFP) a partir de anúncios oficiais.
Esta foi a terceira vez que o diplomata iraniano foi convocado desde o início de outubro de 2022.
Há vários meses que se registam protestos de rua no Irão na sequência da morte de Masha Amini, uma jovem iraniana curda de 22 anos que morreu em 16 de setembro de 2022, três dias depois de ser detida pela chamada polícia da moralidade, por ter alegadamente violado o rígido código de indumentária da República Islâmica, que inclui o uso obrigatório do véu islâmico ('hijab') em público para as mulheres.
Segundo o Governo britânico, desde a morte de Mahsa Amini, o Reino Unido impôs 40 sanções a mais de 40 indivíduos, incluindo a dirigentes políticos, judiciais e oficiais de segurança no Irão, pelo respetivo papel na violação dos direitos humanos.
Os protestos têm sido fortemente reprimidos pelas autoridades iranianas.
Pelo menos 100 iranianos, detidos nas manifestações, enfrentam acusações passíveis de punição com pena de morte, alertou, recentemente, a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.
De acordo com a IHR, mais de 470 manifestantes foram mortos desde meados de setembro.
Em novembro, as Nações Unidas divulgaram que pelo menos 14 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos no Irão.