A defesa de Aníbal Pinto, acusado de ter tentado extorquir a Doyen Sports em coautoria com Rui Pinto, insistiu esta quinta-feira, em tribunal, que, quando o advogado se apercebeu de que poderia estar em causa um crime, "fez tudo ao seu alcance" para que o mentor do Football Leaks desistisse das negociações com aquele fundo de investimento.
"Não foi a atitude do Dr. Aníbal Pinto que impediu a consumação do crime até hoje?", atirou João Azevedo, ao alegar na reta final do julgamento do seu cliente e de Rui Pinto, em Lisboa.
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Para o causídico, Aníbal Pinto foi "enganado e usado" quer pelo hacker autointitulado denunciante quer por Pedro Henriques, o advogado que ter-se-á apresentado como advogado de Nélio Lucas, à data diretor-geral da Doyen Sports.
Na quarta-feira, o Ministério Público (MP) pediu que Aníbal Pinto, de 61 anos, seja condenado a pena de prisão, por ter ficado demonstrado no julgamento que, em 2015, exigiu, conluiado com Rui Pinto, dinheiro à Doyen Sports para que deixasse de ser publicada no Football Leaks documentação extraída do sistema do fundo de investimento. Mas, no entender da defesa, o que ficou provado foi que o advogado julgou estar a negociar um contrato de trabalho.
"Pegaram na cola Aníbal Pinto"
João Azevedo lembrou, de resto, que foi o próprio hacker autointitulado denunciante que garantiu em tribunal que Aníbal Pinto "não estava a par" do extravio e divulgação de documentos de terceiros. E acusou o MP de só ter envolvido o seu cliente para conseguirem prender Rui Pinto.
"Era necessário calá-lo e pegaram na cola Aníbal Pinto", lamentou, frisando que nada do ocorrido após a alegada tentativa de extorsão foi imputado ao causídico.
Enquanto Aníbal Pinto está acusado de um crime, Rui Pinto, de 34 anos, responde por 90. A defesa do mentor do Football Leaks alega amanhã, sexta-feira, em tribunal.
SABER MAIS
Vários lesados
Rui Pinto terá atacado, de 2015 a 2019, os sistemas da Doyen, do Sporting, da Federação Portuguesa de Futebol, da Procuradoria-Geral da República e da sociedade de advogados PLMJ.
Julgados desde 2020
O julgamento começou em setembro de 2020. Hoje, será conhecida a data para a leitura do acórdão.