As disciplinas do ensino secundário poderão vir a ter um peso diferente na fórmula de cálculo da média do secundário para acesso ao ensino superior, revelou o secretário de Estado do Ensino Superior.
O modelo de acesso ao ensino superior está a ser revisto e uma das medidas que está em cima da mesa é diferenciar o peso que cada disciplina do secundário tem no momento de fazer a média dos três anos de estudo, explicou à Lusa o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Teixeira.
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"Um dos aspetos que nós estamos a equacionar conjuntamente com o Ministério da Educação é a forma de cálculo da média do secundário. A média do secundário neste momento trata da mesma forma uma disciplina anual, uma disciplina bienal e uma disciplina trienal", disse.
A ideia é a de "aumentar o peso das disciplinas" em que "os alunos trabalham ao longo de mais tempo, porque refletem mais o trabalho que fizeram" e por serem "mais representativas do seu percurso", explicou.
Caso avance, a medida será introduzida de forma gradual, garantiu o governante: "Não será certamente para os alunos que estão este ano no 12.º ano, porque já estão numa fase terminal".
A ideia do Governo é que as várias medidas sejam introduzidas de forma progressiva, até porque "têm um impacto muito grande na vida de milhares de estudantes".
Para já mantém-se a regra que entrou em vigor durante a pandemia e que veio definir que só eram exigidos exames nacionais aos alunos que pretendessem prosseguir os estudos para o ensino superior.
Terminando assim a obrigatoriedade de todos os alunos realizarem os exames para terem a certificação do secundário.
Outro dos aspetos que também foi discutido no processo de revisão do modelo de acesso ao ensino superior foi "o tipo de exames" que os alunos do secundário fazem.
A ideia é que os exames consigam avaliar os conhecimentos do que estudaram ao longo do secundário, mas também que tenha "uma componente de aplicação de conhecimentos", que permita avaliar "a capacidade para resolver problemas, para aplicar conhecimentos a situações novas, um pouco à semelhança daquilo que existe, por exemplo, nos testes internacionais, como o PISA", exemplificou Pedro Teixeira.
O secretário de Estado recordou que este é um caminho que já começou a ser feito pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), que "tem procurado aos poucos introduzir alguns elementos", introduzindo "progressivamente algumas questões um pouco diferentes".
Pedro Teixeira disse que estas mudanças, a acontecerem, serão sempre graduais: "Isto também tem que ser feito com algum cuidado, porque, se o modelo de exames mudar radicalmente de um ano para o outro, isso vai surpreender muito os estudantes e os professores que estiveram a preparar num determinado percurso".
Pedro Teixeira assegurou que "obviamente não está em cima da mesa" a ideia de "alterar radicalmente o modelo de exames para este ano".
Outra das novidades previstas é a obrigatoriedade de todos os alunos realizarem quatro exames nacionais, sendo a disciplina de Português obrigatória para todos.
Pedro Teixeira lembrou ainda uma mudança que deverá entrar já este ano em vigor é a de antecipar a divulgação do despacho de vagas para o ensino superior assim como a colocação de todos os alunos, quer se candidatem na 1.º, 2.º ou 3.º fases de acesso.
O habitual despacho de vagas, "que era conhecido apenas em junho ou julho, deverá ser divulgado até ao final de março", disse Pedro Teixeira.