O eurodeputado italiano Andrea Cozzolino, que está a ser investigado pelas autoridades da Bélgica no escândalo de corrupção conhecido como Catargate, negou, esta quarta-feira, as acusações que lhe são imputadas e rejeitou recorrer à imunidade de que usufrui.
Em comunicado, a equipa de advogados que representa o socialista Andrea Cozzolino assegurou que o eurodeputado é "totalmente alheio" às acusações: "[Cozzolino] não pretende invocar a imunidade parlamentar para a atividade política que desempenhou de uma maneira transparente e livre."
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O eurodeputado "também vai solicitar à assembleia da qual faz parte para ser ouvido de modo a poder responder a todas as questões e oferecer toda a informação e clarificações úteis para averiguar os factos", acrescenta o comunicado, citado pela agência de notícias italiana ANSA.
Na segunda-feira, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, lançou a abertura de um procedimento urgente para levantar a imunidade a dois parlamentares, entre eles Andrea Cozzolino, no âmbito da investigação conhecida como Catargate.
Em comunicado, o Parlamento Europeu indica que Metsola comunicará o teor dos pedidos de levantamento de imunidade parlamentar o mais rapidamente possível, sendo a primeira oportunidade a abertura da primeira sessão plenária do ano, a 16 de janeiro, data em que os pedidos serão remetidos à Comissão de Assuntos Jurídicos, que tomará uma decisão.
O Parlamento Europeu não revela por isso no comunicado divulgado a identidade dos dois eurodeputados em causa, mas várias fontes europeias, citadas pelas agências EFE e AFP, adiantam tratar-se do belga Marc Tarabella e do italiano Andrea Cozzolino, cujos nomes já haviam sido associados ao alegado esquema de corrupção e ambos pertencentes à bancada dos Socialistas europeus (S&D), que já decidira suspendê-los.
Este procedimento é lançado no quadro da investigação da Justiça belga a alegadas ofertas do Catar e de Marrocos a eurodeputados e assistentes de grupos do Parlamento Europeu para influenciar decisões em Bruxelas.
Sob a acusação de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro, a polícia belga deteve vários suspeitos em 9 de dezembro, entre eles a ex-vice-presidente do PE Eva Kaili, entretanto destituída do cargo e retirada do grupo dos Socialistas & Democratas (S&D), e agora eurodeputada não-inscrita.
Também detidos foram o companheiro de Kaili, Francesco Giorgi - antigo assistente de Cozzolino -, e o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, numa operação que resultou na apreensão de malas de dinheiro com um total de 1,5 milhões de euros.