O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela disse que o relatório das Nações Unidas que acusa, entre outros, o presidente do país de crimes contra a humanidade está "infestado de falsidades" e foi elaborado por uma "missão fantasma".
"Um relatório infestado de falsidades, preparado remotamente, sem qualquer rigor metodológico, por uma missão fantasma dirigida contra a Venezuela e controlada por governos subordinados a Washington", escreveu, na rede social Twitter, Jorge Arreaza.
O governante acrescentou que o relatório "ilustra a prática perversa" da Organização das Nações Unidas (ONU) de "fazer política com os direitos humanos e não política de direitos humanos".
Os investigadores de uma missão internacional da ONU acusaram, esta quarta-feira, o presidente venezuelano e os seus ministros do Interior e da Defesa de envolvimento em graves crimes cometidos pelas forças de segurança do país.
A equipa de investigadores - que divulgou o seu primeiro relatório, mas não se deslocou à Venezuela -, afirmou ter detetado provas de crimes contra a humanidade, e indicou possuir "bons motivos para pensar que o Presidente" e os ministros do Interior e da Defesa "ordenaram ou contribuíram para ordenar crimes concretizados", indicou em comunicado a jurista portuguesa Marta Valiñas, que dirige a equipa de investigadores.
Alguns destes crimes, "incluindo mortes arbitrárias e o uso sistemático da tortura, inserem-se no âmbito de crimes contra a humanidade", disse.
"Estes atos estão longe de ser isolados, estes crimes foram coordenados e cometidos em nome de ordens do Estado em conhecimento de causa e com o apoio direto de oficiais superiores e altos responsáveis do Governo", prossegue o relatório de 411 páginas.
As graves violações de direitos humanos denunciadas pela equipa de investigadores foram perpetradas em operações realizadas por todos os organismos de segurança estatal na Venezuela: a Força Armada Nacional Bolivariana, incluindo a Guarda Nacional Bolivariana, a Polícia Nacional Bolivariana e as Forças de Ação Especial.
No relatório estão ainda assinalados o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Forenses, a Direção-Geral de Contrainformação Militar e as forças policiais estatais e municipais.
A oposição da Venezuela considerou que o relatório é "um passo muito importante" para determinar responsabilidades.
"É um passo muito importante o que sucedeu no dia de hoje, que uma missão independente determine que na Venezuela a violação dos direitos humanos é uma política de Estado", disse à agência noticiosa Efe o deputado da oposição Miguel Pizarro, designado por Juan Guaidó - reconhecido como presidente interino por meia centena de países - como representante na ONU.