Manuel Alegre, histórico militante do PS, considera "estranho" que os socialistas não tomem uma "posição oficial" sobre as eleições presidenciais de janeiro. "Não é só não ter posição; tem de explicar por que é que não tem posição", disse Alegre ao JN.
"Faz-me um bocado de impressão que um partido da importância do PS não compareça às eleições presidenciais", considerou o antigo candidato independente à Presidência, nas eleições de 2006 e 2011. "É uma desvalorização do nosso sistema político semi-presidencialista".
Alegre lembrou ainda que o PS também não expressou qualquer apoio oficial nas eleições presidenciais de 2016: "São duas eleições em que o PS não tem uma posição oficial", insistiu. Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado por PSD e CDS, venceu à primeira volta com 52%. António Sampaio da Nóvoa, candidato de centro-esquerda, não conseguiu obter o apoio do PS e ficou-se pelos 22,8%. E Maria de Belém Roseira reuniu 4,2%.
Manuel Alegre não quis adiantar se apoia ou não a candidatura de Ana Gomes, militante do PS que concorre à margem do partido e que apresenta formalmente a sua candidatura, quinta-feira, na Casa da Imprensa, às 16 horas, em Lisboa. O seu sentido de voto será revelado no momento oportuno, esclareceu o histórico do PS, que em maio, quando Francisco Assis lançou o nome da ex-eurodeputada para Belém, defendeu que o PS não podia ficar de fora desta eleição.
O primeiro-ministro, recorde-se, lançou a recandidatura de Marcelo a Belém em maio, durante uma visita de ambos à Autoeuropa. Há duas semanas, em entrevista ao Expresso, declarou que os ministros têm um "dever de reserva" quanto a eventuais apoios nas presidenciais. O recado teve como destinatário o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que revelou intenção de votar numa candidatura do BE ou do PCP, caso ninguém da área do PS avance.