Um líder das FARC, o partido fundado pela antiga guerrilha marxista, foi morto na sexta-feira por rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN), em Montecristo, no norte da Colômbia, disse este domingo o antigo grupo de guerrilha.
Jorge Iván Ramos, 52 anos, um veterano das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), sofreu uma emboscada levada a cabo "por quatro homens do ELN que o amarraram, o fizeram andar durante uma hora e depois o assassinaram", afirmou Edgar Viejo, outro ex-membro das FARC, citado pela agência France-Presse.
O comando do ELN, que intercetou o veículo em que Jorge Iván Ramos viajava com o seu oficial de segurança, acusou-o de colaborar com o exército, acrescentou Edgar Viejo.
Jorge Iván Ramos, que era agora o líder das Forças Comuns Revolucionárias Alternativas (FARC), partido político colombiano fundado em 2017 pela antiga guerrilha, tinha acabado de inspecionar uma das propriedades que a antiga guerrilha se tinha comprometido a entregar como indemnização pelas vítimas causadas na Colômbia, esclareceu o antigo veterano.
O líder das FARC agora alegadamente assassinado foi também responsável pela coordenação de um programa nacional de substituição voluntária de narco-culturas.
As autoridades da Colômbia não fizeram, até agora, qualquer comentário sobre este alegado assassinato, que teve lugar numa zona controlada pelo ELN.
"Exigimos que este assassinato não fique impune", disseram as FARC num comunicado, no qual exigem também "que os antigos combatentes das FARC, bem como os militantes" do seu partido "sejam protegidos".
"Que a comunidade internacional seja capaz de verificar estes factos e tomar uma posição", apelaram.
O assassinato de Jorge Iván Ramos eleva para 225 o número de veteranos das FARC assassinados desde o acordo de paz de 2016. Cerca de 12800 rebeldes das FARC, incluindo cerca de 7 mil combatentes, desistiram da luta armada no quadro daquele acordo.
Os seus principais líderes comprometeram-se a confessar os crimes perante a Justiça Especial para a Paz (JEP) e a compensar as vítimas ou as suas famílias em troca de penas alternativas à prisão.
No final de julho, a JEP tinha ordenado ao Governo que garantisse "segurança e vida" aos antigos guerrilheiros das FARC.
A guerra interna que assola a Colômbia há quase seis décadas já fez mais de nove milhões de vítimas (deslocados, mortos e desaparecidos).