O corte da Indonésia na importação de lixo de países como os EUA está a ser aplaudido por associações ambientalistas, mas está a desestabilizar a aldeia de Bangun, onde a economia gira em torno dos catadores que separam e recolhem o lixo. Ganham mais neste trabalho do que a cultivar arroz.
Sobrecarregada por um aumento nas importações de resíduos, depois de a China ter fechados portas ao lixo estrangeiro, a Indonésia endureceu as regras de importação e as inspeções alfandegárias, enviando centenas de toneladas de resíduos estrangeiros de volta para seus países de origem.
Grupos ecologistas elogiaram a decisão, mas os moradores de Bangun dizem que restringir o lixo de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália vai acabar com uma fonte fundamental de receita.
"Se nos vão proibir de fazer isso, tem de haver uma solução. O governo não nos deu emprego", disse à Reuters o catador Heri Masud, durante uma pausa na seleção do lixo empilhado no alto da aldeia, onde vivem 3600 pessoas.
Os aldeões procuram plástico e alumínio para vender a empresas de reciclagem e os fabricantes de tofu também compram resíduos para queimar como combustível, durante o processamento da soja.
Embora possa ser um negócio lucrativo, as pilhas de lixo são uma ameaça à saúde dos moradores, dizem ambientalistas. Uma investigação do grupo ECOTON descobriu que microplásticos estão presentes na água subterrânea de Bangun e no vizinho rio Brantas, de onde cinco milhões de pessoas bebem a água.
A Indonésia importou 283 mil toneladas de resíduos plásticos no ano passado, um aumento de 141% em relação ao ano anterior. O país é o segundo maior contribuinte de poluentes plásticos para os oceanos, de acordo com um estudo realizado em 2015.