O ministro da Administração Interna defendeu, este domingo, que os incêndios não devem ser "tema para conflitualidade pré-eleitoral" e "controvérsia estéril".
Eduardo Cabrita discursou na cerimónia comemorativa do 125.º Aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Sul e Sueste, no Barreiro, após a polémica dos últimos dias em torno da distribuição de golas de proteção antifumo feitas com material inflamável, avançada pelo JN.
No discurso, o ministro da Administração Interna referiu-se a um "ano especial", dada a proximidade de eleições (outubro), e preferiu enaltecer e reconhecer o trabalho dos bombeiros e o facto de a área ardida estar abaixo da média.
"Quando todos os portugueses sabem que neste ano especial não é este um tema para conflitualidade pré-eleitoral. Não é este um tema para controvérsia estéril. Este é um tema em torno do qual salvar vidas, defender a integridade das nossas aldeias, a integridade das populações, todos temos de nos unir em torno da estrutura de Proteção Civil e em torno daqueles que aqui como em todo o país, são a coluna vertebral e o primeiro braço dessa resposta, os bombeiros voluntários", declarou Eduardo Cabrita.
O governante aproveitou ainda o momento para indicar que o número de incêndios este ano (seis mil) é inferior à média dos últimos dez anos (20 mil) e congratulou a resposta eficaz dos bombeiros na extinção da grande maioria dos incêndios sem necessidade de reforços de maiores dimensões. "No ano passado houve 12 mil incêndios e este ano ultrapassamos seis mil, 94% dos quais com menos de um hectare de área ardida, isto é, foram imediatamente apagados pelos bombeiros locais sem necessidade de intervenção de qualquer estrutura de maior dimensão", disse. Eduardo Cabrita entendeu ainda ser cedo para realizar balanços, embora considere os resultados atuais como "encorajadores".
O ministro da Administração Interna quer no futuro equipas de intervenção permanente em todos os quartéis que demonstrem essa necessidade. "Nos últimos dois anos foram criadas mais de 160 equipas de intervenção permanente em todo o país, mais que nos 17 anos anteriores", frisou. Ainda assim, o ministro demostrou que o Governo não está satisfeito: "Queremos que todas as corporações tenham ao seu dispor estas equipas".