A Comissão Federal do Comércio dos EUA impôs ao Facebook uma multa de cinco mil milhões de dólares (4,4 mil milhões de euros), pela gestão danosa da privacidade dos utilizadores exposta pelo escândalo da Cambridge Analytica, em 2018.
A informação foi avançada, na sexta-feira, pelos jornais norte-americanos "The Wall Street Journal" e "The Washington Post" que, citando fontes sob anonimato, indicaram que a medida foi aprovada por três votos, dos membros indicados pelo Partido Republicano, contra dois, dos nomeados pelo Partido Democrata para esta entidade reguladora.
Maior sanção alguma vez aplicada a uma empresa tecnológica
A confirmar-se oficialmente, o montante da sanção corresponderá às estimativas que a empresa dirigida por Mark Zuckerberg divulgara em abril, ao apresentar os seus resultados trimestrais, alertando que estava preparada para receber uma multa "entre três e cinco mil milhões" de dólares por parte da Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em Inglês).
Até agora, nem a entidade reguladora nem a empresa fizeram qualquer comentário sobre o caso.
Escândalo Cambridge Analytica originou investigação
A investigação foi desencadeada pela informação revelada em março de 2018 segundo a qual a consultora britânica Cambridge Analytica utilizou uma aplicação para recolher dados de 87 milhões de utilizadores da Facebook sem o seu conhecimento e com fins políticos.
A empresa serviu-se de dados da Facebook para elaborar perfis psicológicos de votantes, que veio alegadamente a vender à campanha do agora Presidente dos EUA, Donald Trump, durante as eleições de 2016, entre outros clientes.
Partilhar dados com terceiros sem notificar os utilizadores constitui, como determinou a FTC, uma violação do acordo sobre privacidade que a rede social estabeleceu em 2011 com esta agência governamental.
Segundo o "The Wall Street Journa"l, depois da votação, o assunto foi transferido para o Departamento de Justiça, que vai tomar uma decisão final, ainda que por tradição o governo não modifique as sanções decididas pela FTC.
Por seu lado, o "The Washington Post" acrescentou que, depois da multa, a Facebook vai também passar a informar a entidade sobre cada decisão que tome relativamente aos dados dos seus utilizadores, antes de disponibilizar novos produtos, e aumentar a vigilância sobre as aplicações de terceiros.
Os dirigentes máximos da empresa sedeada em Menlo Park, no estado da Califórnia, incluindo o cofundador e administrador-delegado, Mark Zuckerberg, terão de admitir publicamente que falharam na proteção da privacidade dos utilizadores da Facebook.