É português e foi um dos carrascos da Estado Islâmico, participando na execução de um dos vídeos mais divulgados da organização terrorista, onde várias pessoas eram mortas a tiro. Steve Duarte, cidadão luso-luxemburguês, é prisioneiro das Forças Democráticas Sírias, liderada por curdos, e diz estar pronto para enfrentar uma pena de prisão na Europa, para depois continuar a cuidar dos seus filhos.
Em 2016, um vídeo do Estado Islâmico causou grande impacto em Portugal, por referir diretamente o nosso país. "Al Andalus tem paciência. Não eras espanhola nem portuguesa, mas sim muçulmana", podia ouvir-se no vídeo gravado no norte do Iraque. Dias depois, outro choque. Um dos participantes no vídeo que executa a tiro uma pessoa foi identificado como Steve Duarte, luso-luxemburguês com raízes na Figueira da Foz, e um dos homens da vigorosa máquina de propaganda do grupo terrorista. Depois disso, pouco se soube sobre o paradeiro de Steve Duarte, que agora reaparece numa entrevista televisiva do canal "Rudaw", baseado no Curdistão iraquiano.
Numa altura em que o regresso de jiadistas ou até das famílias se tornou um problema com o qual as democracias ocidentais têm de lidar, Steve Duarte diz querer regressar ao seu país, o Luxemburgo, apesar de saber que cometeu crimes e que terá de pagar por eles. "Não quero voltar para o Daesh [Estado Islâmico]. Quero regressar ao Luxemburgo e começar um novo emprego. Um emprego totalmente novo, ver os meus filhos, cuidar deles e vê-los crescer", explica.
Sem revelar que tipo de envolvimento terá tido nos homicídios amplamente divulgados por todo o Mundo, Steve Duarte reconhece que poderá ter de ir para prisão à chegada. "Cometi um erro e, se esse erro merecer prisão, estou pronto a ir para a prisão", revela à jornalista, após ter descrito como foi parar ao Estado Islâmico e ao departamento de vídeo da organização terrorista.
Convertido ao Islão em 2010, o português juntou-se ao grupo em 2014, numa altura em que a notoriedade do Daesh estava em alta. Depois de ter passado por um campo de treinos durante dois meses, revelou que não queria combater, mas estudar religião Como essa possibilidade lhe foi negada, ofereceu-se para fotografar ou filmar, juntando-se à propaganda do grupo. Mais tarde, casou em Raqqa, na Síria, com uma francesa de origem africana e teve dois filhos, mas atualmente desconhece onde se encontra a família.
Atualmente detido, confessa que ficou desiludido com a interpretação que os jiadistas davam à sua religião, da qual não abdica, mesmo que regresse a casa, no Luxemburgo, onde se encontra a mãe, com quem foi mantendo contacto durante os tempos de militante. Na conclusão da entrevista, Steve Duarte volta à ideia de regresso à Europa e ao Luxemburgo, para mudar de vida. "Quero sair da prisão, voltar para uma vida normal, cuidar dos meus filhos, ensinar ao meu filho e à minha filha como é a vida, como distinguir o certo do errado, ensinar-lhes o básico da religião e avisá-los para não caírem no erro em que caí. Quero uma nova vida, se Deus quiser, quero uma nova vida".