O soldado português que sofreu, quinta-feira, um grave acidente de viação na República Centro Africana foi submetido a uma amputação das duas pernas.
No acidente, o soldado Comando de 23 anos sofreu um traumatismo craniano sem perda de conhecimento e um traumatismo grave das pernas, tendo sido transferido de helicóptero para o hospital militar das Nações Unidas, em Bangui, onde foi operado de urgência, para "controlo de danos", revela, em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas.
Durante a cirurgia, foi "verificada a necessidade e efetuada uma amputação bilateral dos membros inferiores", desconhecendo-se, até ao momento, a extensão da amputação. O militar foi depois transportado para Portugal num avião Falcon da Força Aérea, tendo dado entrada, esta sexta-feira, "no serviço de urgência do Hospital das Forças Armadas, em Lisboa", pelas 14.45 horas.
O Exército revela que o militar estava consciente e colaborante à chegada a Lisboa, estando a ser avaliando por uma equipa multidisciplinar no hospital, com um prognóstico favorável. O militar e a família estão a receber apoio de psicólogos militares.
Humvee capotou
O acidente aconteceu durante um "trajeto logístico junto à região de Bouar", situada a 350 quilómetros a noroeste da capital do país, e tratou-se de um "despiste e capotamento de uma das viaturas táticas ligeiras blindadas HMMWV, vulgarmente conhecidas por 'Humvee'".
"Desconhecem-se ainda as causas do acidente, mas a forte precipitação que assola a região, bem como o estado altamente precário da rede viária, poderão ter sido causas contributivas para o despiste".
Forças Armadas e Estado português vão dar "todo o apoio possível"
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, lamentou esta sexta-feira o acidente que envolveu um militar português na República Centro-Africana e indicou que as Forças Armadas e o Estado vão dar-lhe "todo o apoio que for possível".
Em declarações à agência Lusa a partir de Washington - depois de um encontro com o secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos da América, Patrick Shanahan, no Pentágono -, o ministro reiterou que tem acompanhado a situação, "de forma permanente", desde que chegou àquele país.
"Quando cheguei a Washington, ainda no aeroporto, foi quando recebi a notícia, telefonei ao general Serronha, que é o 2.º comandante da MINUSCA, a operação das Nações Unidas, e fui acompanhando a par e passo", declarou, acrescentando que "sempre que havia alguma informação nova" esta lhe era transmitida.
João Gomes Cravinho adiantou também que enviou ao militar, "através do general Serronha", votos "de coragem, de apoio, numa situação que, obviamente, é extremamente difícil do ponto de vista pessoal".
"Lamentamos profundamente que tenha ocorrido este acidente e, obviamente que daremos todo o apoio que for possível, seja do lado das Forças Armadas, do lado do Ministério da Defesa, do lado do Estado português, a este militar que sofreu o acidente em serviço", salientou.
À Lusa, o ministro da Defesa apontou que se trata de "um contexto algo trágico para o militar" e realçou "a forma como ele foi atendido" e a rapidez com que "teve atendimento médico".
Gomes Cravinho recordou que o militar do Exército foi "transportado de imediato e teve atendimento rápido no hospital das Nações Unidas, hospital Sérvio, em Bangui", capital da RCA.
O governante elogiou também com a "Força Aérea Portuguesa, que foi imediatamente buscá-lo".