Os Correios resolveram inverter a política de encerramento das estações, prometendo mesmo que cada município terá de novo um serviço completo, não havendo contudo um calendário definido. Mais de 30 municípios tinham perdido as lojas oficiais. O JN foi procurar reações de autarcas, de Norte a Sul.
O presidente da Comissão Executiva dos CTT, João Bento, afirmou na última quarta-feira, no Parlamento, que a empresa não vai encerrar mais lojas e vai reabrir algumas. O JN foi ouvir os presidentes das câmaras municipais que têm sido afetadas pelo fecho de estações oficiais, obtendo mais de uma dúzia de reações.
"É uma boa notícia. Significa que é um serviço público que fica no concelho, numa loja oficial, e isso faz toda a diferença. A empresa emendou o erro e muito por pressão do Governo. O maior prejuízo que o encerramento da loja causou são os atrasos significativos e o sentimento de abandono que as populações têm. Sentem-se cidadãos injustiçados, cria um sentimento negativo no território, de abandono", referiu Humberto Cerqueira, presidente da Câmara Municipal (CM) de Mondim de Basto.
O presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, diz que já teve um "contacto informal" sobre a possibilidade do posto de Correios da sede do concelho regressar aos CTT, mas não obteve mais informações sobre o assunto, nomeadamente a data em que essa transição poderá acontecer. O município assumiu o funcionamento do posto de CTT na sede do concelho, para evitar o fecho daquele serviço. No Gerês, também, há outro posto que é assegurado por funcionários municipais. "Espero que voltem ao lugar de onde nunca deveriam ter saído", afirma ainda o autarca.
"Melgaço acautelou a situação do encerramento dos Correios, quando o processo foi desencadeado há cerca de um ano. Não tem loja formalmente, mas mantém a operação no mesmo local, com um privado e com os mesmos serviços, à exceção de um, o financeiro, que permite às pessoas subscrever títulos do Tesouro. Todos os outros se mantêm, acrescentando outros que o parceiro privado levou para a loja. A contratualização foi feita diretamente entre os CTT e o parceiro privado. O município não tem nada a ver com a operação", refere Manoel Batista, presidente da autarquia.
"Reconhecer o erro e reverter o encerramento dos CTT é louvável. A empresa não se pode afastar dos clientes. Espero que a nossa loja reabra, mas só fico satisfeito quando se concretizar. Até lá mantemos o processo em curso no tribunal, pois o transtorno e o incómodo foram grandes", disse, por seu lado, Fernando Barros, presidente da CM de Vila Flor.
"Fico satisfeito, nunca desistimos desta luta. Houve um trabalho dos municípios e também louvo o trabalho do ministro. Com o balcão dos CTT, o serviço era mais ágil e eficiente porque os funcionários tinham outra experiência. Já fui contactado pelos CTT e disseram-me que a reabertura dos balcões vai ser faseada e não será a curto prazo, mas a médio prazo. Aqui já entregaram o espaço onde funcionava o balcão e terão de encontrar outro espaço", conta Manuel Fonseca, autarca de Fornos de Algodres.
"Reajo com muita satisfação à reabertura dos CTT, que encerraram a estação em maio de 2018. Foi uma das primeiras a encerrar e eu um dos primeiros a reagir. Quando se encerra uma loja com marca de serviço público, a população fica com falta de confiança no processo e com mais insegurança. Já fui contactado pelos CTT a garantir que o balcão vai reabrir, mas não apontaram datas. Vai demorar certamente mais a reabrir do que a encerrar", explica Esmeraldo Carvalhinho, presidente da CM de Manteigas.
O presidente da CM de Marvão, Luís Vitorino, vê com agrado das declarações do presidente dos CTT. Não sabe quando é que será a abertura, mas defende que os CTT prestam um serviço público muito importante para o concelho. Atualmente, o serviço está a ser feito pela Junta de Freguesia de S. Maria de Marvão com a ajuda da CM. Este tempo, pré-eleitoral, é propício a este tipo de anúncios.
Sílvia Pinto, presidente da Câmara de Arraiolos, espera que a reabertura da estação dos CTT seja uma realidade. "Este é um serviço público necessário no concelho", sublinha.
O presidente da CM do Redondo, António Recto, vê com muito agrado a notícia da reabertura dos posto. Os CTT são fundamentais para todas as regiões, em especial para as do interior. Não entendeu a posição de encerramento dos CTT em Redondo, já que aqueles continuam a pagar a renda e a usufruir do espaço. "Só fecharam a porta. Um balcão dos CTT é completamente diferente de um papelaria onde os correios são mais um serviço", refere.
O presidente da CM de Mora, Luís Simões, olha com agrado as declarações do presidente dos CTT e gostaria de ver reaberto o Posto dos CTT que atualmente está a funcionar numa loja de gás. "Os Correios são um serviço público de qualidade que deve ser prestado em condições às populações o que atualmente não acontece", diz.
"Aguardo com expectativa a anunciada reabertura da estação dos CTT, uma vez que se trata de um serviço público importante, sobretudo para a população idosa", refere José Manuel Grilo, presidente da Câmara de Portel.
"Foi uma inegável perda de qualidade de serviços e a melhor prova é que o primeiro privado deixou de assegurar os mesmos. Há relatos caricatos de ocorrências. A Câmara interpôs uma providência cautelar e uma ação principal contra os Correios pelo encerramento, que serão revertidas se a situação voltar ao inicial", afirmou Nelson Brito, presidente da Câmara Municipal de Aljustrel.
"A situação gerou algum alarme social, porque a questão central é a da qualidade do serviço postal de proximidade prestado, que depois de um protesto da Câmara já registou melhorias, mas a distribuição da correspondência tem de continuar a melhorar. O importante é o Estado assegurar um conjunto mínimo de serviços públicos de proximidade aos cidadãos, o que no Interior assume uma relevância acrescida", explica Marcelo Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Ourique.
A exceção ao panorama de satisfação face ao agora prometido pelos CTT parece situar-se num município no interior Sul do país. "Tivemos sorte com a empresa concessionária, que além de ter criado um posto de trabalho, mantém a qualidade do serviço, exceção ao banco dos Correios, em que as pessoas tinham que ir a Moura. Podemos dizer que mudou o símbolo, nada mais. Voltar aos antigos Correios e ficar pior, antes como está, estamos servidos", conta João Serranito, presidente da Câmara de Barrancos.
* Autores: Ana Luísa Delgado, Ana Peixoto Fernandes, Carlos Rui Abreu, Eduardo Pinto, Sandra Ferreira, Teixeira Correia