O piloto do paramotor que na tarde da passada quinta-feira se despenhou contra uma vivenda em Macinhata do Vouga, Águeda, não tinha licença válida para pilotar a aeronave e já tinha estado envolvido em acidentes semelhantes, concluiu o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAAF), num relatório tornado público esta terça-feira.
O acidente com a aeronave, com dois tripulantes, provocou ferimentos graves nos membros inferiores do passageiro, de 41 anos, e ferimentos ligeiros no piloto, com 37 anos.
"O voo em apreço trata-se de uma operação inteiramente ilícita, cabendo às autoridades competentes a atuação apropriada conforme previsto na Lei", pode-se ler no relatório divulgado do GPIAAF. O acidente deu-se pelas 19 horas, quando o proprietário do paramotor quis testar uma nova asa. "Poucos minutos depois e durante o voo", pode-se ler no relatório, "com alguma instabilidade atmosférica, o piloto perdeu o controlo sobre o eixo longitudinal da aeronave, tendo esta adquirido uma velocidade vertical significativa após a perda de controlo. A trajetória descendente terminou com o embate frontal da aeronave na vedação de uma vivenda na povoação de Macinhata do Vouga".
O GPIAAF analisou também o aparelho, tendo apurado que este "não cumpre com os requisitos em vigor de aprovação do projeto para fabrico único". O organismo entregou o caso às autoridades e criticou a "desconsideração dos princípios básicos da atividade por uma parte dos praticantes" que vem tornar "irrelevante a missão de tentativamente retirar ensinamentos dos frequentes eventos, com praticantes feridos ou mortos todos os anos". Ao mesmo tempo, o referido organismo vincou que "a prática desta atividade deve ser encarada com a seriedade requerida e ser feita apenas por pessoas com a formação e os equipamentos apropriados, de forma a não se colocarem a si e aos outros em risco".