Marta Temido garante que nunca enviou ao BE uma proposta para a nova lei de bases da Saúde com o fim das parcerias público privadas (PPP).
Em entrevista ao JN, a ministra explica que houve troca de documentos que não passavam do que se designa "redação tentativa" - no qual se vai retirando ou acrescentando determinada expressão no âmbito do trabalho de convergência.
"Não enviei nenhuma proposta. Houve troca de documentos entre vários atores do processo, mas a ministra da Saúde nunca enviou uma proposta ao BE", garantiu Marta Temido em entrevista publicada este domingo na revista Notícias Magazine.
Interpelada sobre como a proposta chega ao Bloco, a ministra explica que "há uma alteração de documentos entregues em 'track changes', problema de ministros que fazem várias coisas pelo seu próprio punho e no seu próprio computador, onde aparece um "delete" na expressão a seguir 'a gestão dos hospitais é pública". Ou seja, acrescentou, "foi uma opção de redação que estava a ser tentada". "Fizemos várias", sublinhou, assegurando que antes dessa versão terão sido enviadas outras, assim como uma reunião posterior.
"Não voltarei a ter a ingenuidade de acreditar que todas as pessoas têm o mesmo ponto de vista sobre a forma como devemos relacionar-nos uns com os outros. Não voltarei a cometer certas ingenuidades", defendeu, garantindo que lhe serviu de lição e não voltará a fazer "redações tentativa". As negociações com os partidos - assume sem mencionar diretamente o BE - também lhe ensinaram que quem vai "para a vida política não pode ser incauto. Tem de desconfiar".
Marta Temido considera não estar "fragilizada" com a polémica suscitada pelo BE que acusa o Governo de ter recuado numa proposta que já tinha merecido acordo e previa o fim das parcerias publico privadas (PPP) na Saúde. A proposta do Governo, defende, "é clara": "a nossa preferência é que a gestão dos hospitais seja pública. O que não sei é quando lá conseguiremos chegar". A ministra acredita, no entanto, na possibilidade de um acordo parlamentar.
"Acredito que as forças que apoiam este Governo e que souberam resgatar o país de uma situação em que não podia continuar, terão a responsabilidade de não manter em vigor a lei de 1990. É um processo fácil? Não é. É um processo que se faça sem aproximações mútuas? Não é. Mas acredito que é possível".
Questionada sobre a diferença da proposta do Governo relativamente à que a Direita defende, depois do Executivo deixar cair a possibilidade de proibição das PPP, Marta Temido garantiu que as propostas são "completamente diferentes", pois na do Governo, "o que é uma possibilidade passa a condicionante, precedido de uma preferência clara no sentido da gestão pública".