A Assembleia de Freguesia de Arroios aprovou, por unanimidade, a pintura de passadeiras arco-íris, na avenida Almirante Reis, em Lisboa, no próximo dia 17, dia internacional de Luta contra a homofobia, transfobia e bifobia. Só que a proposta partiu dos eleitos do CDS-PP, o que originou uma "guerra" de palavras e troca de acusações nas redes sociais.
"Peço desculpa, mas não subscrevo!", escreveu, na sua página de Facebook, João Gonçalves Pereira, vereador na Câmara de Lisboa e presidente da Distrital do CDS-PP. Um post que, de imediato, mereceu vários comentários. João Gomes, eleito dos centristas na Assembleia Municipal de Torres Vedras, escreve: " Isto não é um CDS populista, isto é uma atitude estúpida de alguém que não pode falar em nome do partido e que deveria ter consequências ".
Na proposta do CDS-PP, os eleitos do partido, Frederico Sapage Pereira e Vítor Teles, salientam que "a freguesia de Arroios é um lugar de todos e para todos, e sobretudo um lugar de inclusão". No texto, explica-se ainda que a data de 17 de maio foi escolhida por "ter sido nesse dia em 1990 que se retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde (OMS)".
Voto em branco
Argumentos que merecem a contestação de vários setores. Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento do CDS, convida mesmo a líder do partido, Assunção Cristas, a comentar o caso e, no Facebook, deixa duras críticas. "A inclusão não se faz gastando dinheiro e recursos escassos a pintar passadeiras com cores LGBT, o que é ilegal e perigoso", escreve o psicólogo clínico e sexologista.
"A inclusão faz-se rebaixando passeios para as pessoas com mobilidade reduzida, instalando dispositivos sonoros para cegos e tapando buracos na via pública", prossegue Abel Matos Santos.
Mais duro ainda, Miguel Mattos Chaves, presidente da concelhia da Figueira da Foz, escreve: "Eu sou do CDS-PP. Mas na verdade, realmente este meu partido, o CDS-PP, não tem emenda. Pelo menos enquanto esta direção estiver em funções". O crítico vai mais longe, admite votar em branco, e termina o comentário ao post do presidente da Distrital de Lisboa, com a expressão elucidativa: "E speremos que haja mudanças na direção".
Autores da proposta rejeitam leitura nacional
Perante esta onda de críticas nas redes sociais, os eleitos do CDS-PP reagiram em comunicado, rejeitando qualquer tentativa de aproveitamento deste caso para um cenário nacional.
"Todas as moções e recomendações apresentados pelo CDS em Arroios vinculam única e exclusivamente os autarcas eleitos democraticamente nesta freguesia, sendo cada um deles solidariamente responsável pelas iniciativas políticas do grupo", lê-se no documento.
Frederico Sapage Pereira e Vítor Teles garantem ainda que a iniciativa em causa, "diz respeito à celebração de um dia internacional que afirma um princípio simples, que faz parte do nosso património: somos todos livres e iguais, ninguém pode ser discriminado".
Os autarcas de Arroios acentuam ainda que "confundir a afirmação da não discriminação de pessoas com a defesa de uma ideologia de género é característico de alguma Esquerda", frisando que "não pactuam" nem se "reveem"