O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), no Porto, lançou um roteiro que, ao mapear informações sobre os biorrecursos marinhos existentes a nível nacional, pretende servir de "instrumento" a políticas públicas e auxiliar a "definir estratégias".
"Queremos dinamizar este setor porque acredito que Portugal tem condições excelentes para ser um país de grande desenvolvimento na área dos biorrecursos e da biotecnologia marinha", afirmou hoje o presidente do CIIMAR, Vítor Vasconcelos, a propósito do lançamento do 'Roteiro de Bioeconomia Azul'.
Em entrevista à agência Lusa, Vítor Vasconcelos salientou que o roteiro, ao compilar informações sobre várias entidades nacionais da área dos biorrecursos do mar, poderá servir de "instrumento" a políticas públicas, mas também ajudar as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) a "definir estratégias futuras".
O roteiro, que sugere um novo modelo económico - bioeconomia azul - baseado na produção de conhecimento e no uso dos recursos marinhos para produzir produtos e serviços, encontra-se dividido em três partes.
"Temos desde a ciência fundamental, à tecnologia e inovação, comunicação e marketing, questões ligadas ao consumo e ao mercado, e depois questões relacionadas com o financiamento, legislação e regulamentação, de forma a que este processo possa ser cada vez mais simplificado", apontou.
O "Roteiro de Bioeconomia Azul" começa assim por identificar as entidades portuguesas envolvidas na "cadeia de valor", a sua distribuição no território nacional e os recursos que utilizam, passando depois por enumerar os "principais desafios" e algumas "ações que podem ser implementadas".
A região Norte ainda é uma região que dá pouco valor ao mar
Num documento a que a Lusa teve acesso, a cooperação, o financiamento, o custo associado às operações e a legislação são identificados pelos intervenientes como os "principais desafios".
Por sua vez, são indicadas como eventuais estratégias a implementação de uma infraestrutura que "centralize as solicitações de recursos biológicos, a "revisão dos programas de formação" dos jovens investigadores, a simplificação dos regimes de financiamento e o desenvolvimento de programas de aceleração nos setores "relevantes" da bioeconomia azul.
À Lusa, Vitor Vasconcelos sublinhou que o roteiro "pretende ser um auxiliar para todas as etapas da cadeia de valor, desde a investigação ao produto final", acrescentando que o guia poderá também contribuir para "pôr o navio em ação".
"A região Norte ainda é uma região que dá pouco valor ao mar. Quando apresentamos qualquer projeto, a área do mar nunca é considerada uma área prioritária. Neste momento, a nível nacional, as únicas regiões onde o mar é claramente evidente é na zona do Algarve e nos Açores, porque no resto do país o mar acaba por ficar um pouco 'diluído'", afirmou.
Para o presidente do CIIMAR, o roteiro ao desenvolver-se "um bocadinho contra a corrente", vai também "mostrar" que a região Norte, à semelhança de outras zonas do país, tem profissionais de "excelência científica" e vários recursos.
"Estou convencido que não será algo muito rápido, mas no espaço de uma década, a área do mar, se houver esse apoio político, poderá desenvolver-se aqui no Norte", concluiu.
O roteiro, desenvolvido no âmbito do projeto europeu 'BLUEandGREEN', contou com a parceria da BBA - Associação Nacional para os Biorrecursos Marinhos e Biotecnologia Azul, da Fundação Oceano Azul e do Fórum Oceano.
A sessão de lançamento do roteiro, que decorreu esta manhã no CIIMAR, contou com a presença da Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e de representantes da Câmara Municipal de Matosinhos, da Direção-Geral de Política do Mar, do Ministério do Ambiente, da Fundação Oceano Azul e do Fórum Oceano.