A passagem do ciclone Idai afetou "gravemente" um campo de refugiados no Zimbabué, onde estão mais de 19 mil pessoas, nomeadamente moçambicanos e congoleses, anunciou esta quarta-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Segundo um comunicado divulgado hoje pelo ACNUR, o campo de refugiados de Tongogara, perto de Chipinge, a 420 quilómetros a sudeste da capital zimbabueana, Harare, foi "gravemente afetado" pelo Idai, que atingiu também Moçambique e o Maláui.
No Zimbabué, foram contabilizados mais de 100 mortos e mais de 200 feridos, com as estimativas a apontarem para mais de 500 desaparecidos.
"O ciclone destruiu abrigos, danificou fontes de energia e deixou famílias de refugiados que já estavam em situação vulnerável com pouca proteção", lê-se no comunicado assinado pela responsável pela angariação de fundos do ACNUR no Reino Unido, Lydia Piddock.
O ACNUR destacou quatro prioridades para apoiar a comunidade local, pretendendo deslocar famílias para regiões mais elevadas e atribuir 300 tendas de emergência para agregados familiares que perderam as suas casas.
Aquela agência das Nações Unidas quer ainda distribuir 12 mil metros quadrados de lona impermeável para a reparação de abrigos, cozinhas comuns e latrinas danificadas e afetadas pela passagem do ciclone, assim como a entrega de tanques de água e pastilhas para purificar a água, de modo a prevenir a propagação de doenças.
O campo de Tongogara, criado em 1984, pouco depois do Zimbabué conquistar a sua independência do Reino Unido, alberga comunidades oriundas da República Democrática do Congo e de Moçambique, tendo esta última procurado fugir da guerra entre o Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
Além dos mais de cem mortos no Zimbabué, o Idai provocou a morte a 202 pessoas em Moçambique, enquanto no Maláui, as únicas estimativas conhecidas apontam para pelo menos 56 mortos.